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Apoio da Igreja Adventista do
Sétimo Dia a Hitler Durante a
2 a Guerra Mundial
"Em silenciosa adoração, agradecemos a Deus que, em
Sua sábia providência deu o Fuehrer ao nosso povo."
Quando Hitler chegou ao poder em 1933, ordenou um rearmamento em larga
escala e passou a executar seus planos de conquista. A doutrina nazista exigia que
a Alemanha mais uma vez se tornasse uma grande potência militar. Isto tornou
evidente que a Segunda Guerra Mundial não estava muito distante.
Após a Primeira Guerra Mundial, dizia-se que a a Igreja Adventista do Sétimo Dia
não repetiria o erro cometido em 1914-1918. Contudo as evidências revelaram,
para o nosso grande desapontamento, que ainda seguiam o mesmo modo de
proceder. Finalmente, irrompe outra guerra mundial, e nossos irmãos adventistas
tiveram nova oportunidade de provar que se colocavam ou a favor ou contra a lei
de Deus. Se realmente lamentassem o que fizeram durante e após a Primeira
Guerra Mundial, tiveram agora excelente oportunidade de se redimirem de sua
passada falta. As declarações abaixo citadas, de seus próprios escritos, mostrarão
como eles agiram.
1. Na Alemanha
"Estamos agora em meio a uma tempestade de acontecimentos que abalam o
mundo....
"Nunca devemos esperar que nos países deste mundo sejam realizados os
princípios do reino de Deus. Eles têm suas próprias legislações, segundo a vontade
de Deus. Se não fosse assim, a Escritura Sagrada não poderia falar das mesmas
como sendo ordenadas por Deus. Por isso é que nos sujeitamos, não só
voluntariamente, mas de bom grado, a cada serviço exigido de nós. Quem neste
(serviço) perder sua vida bem poderá gloriar-se com as seguintes palavras:
'Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém sua vida pelos amigos'.
(João 15:13). Lembremo-nos dos nossos varões combatentes, e particularmente
dos irmãos que arriscam suas vidas pela pátria e pelos que ficaram em seu lar!
Oremos também pelo Fuehrer e seus colaboradores." Der Adventbote [Periódico
adventista publicado na Alemanha] 1/10/1939.
"Enquanto nossos irmãos, pais e filhos, além das fronteiras se empenhavam na
mais feroz batalha, afanando-se, de vitória em vitória, pela grandeza e futuro da
pátria, sentimos a intervenção de Deus no mundo, nos acontecimentos
testemunhados nestas poucas últimas semanas. Em silenciosa adoração,
agradecemos a Deus que, em Sua sábia providência deu o Fuehrer ao nosso povo.
"Ao mesmo tempo não podemos como também não queremos permanecer calados.
Isso provamos no passado e agora estamos novamente provando, porque é uma
santa decisão pôr em ação a vontade de Deus. O orgulho que como compatriotas
alemães sentimos nas grandes vitórias de nossos soldados, é para nós um novo
incentivo para imitá-los na frente de batalha da pátria e mais conscienciosamente
empregar nossa força para a vitória." Was tun die Adventisten in der
Wohlfahrtspflege? [Relatório do Serviço Social Adventista de 1939, na Alemanha].
"Jamais esqueceremos o momento em que nos foi anunciada a entrada em vigor do
armistício com a França. ...
"Recobramos a coragem, pusemo-nos a trabalhar e, como estávamos diante das
necessidades, lutamos como nunca dantes. E Deus inverteu a balança do destino ao
nosso favor.... A Alemanha crê nos sacrifícios que humanamente fizemos até os
limites de nossa capacidade, e também crê num Deus que está abençoando nossa
batalha humana. Este sentimento foi expresso em palavras alegres porém
humildes, e se implantou em nossos corações ao ser cantado em santas melodias e
à medida que ressoavam dos campanários. E permanecerá até a última etapa da
batalha, que nos trará a vitória sobre o último adversário, e então teremos paz.
"Quão gloriosa é a hora da vitória! Nós, que uma vez fomos ignominiosamente
enganados acerca da vitória e da paz justa, provamo-la agora, com calmo e
profundo júbilo, todavia sem qualquer arrogância.... Isto não é mera fraseologia
hipocritamente piedosa; é uma declaração feita com o sentido da responsabilidade
perante Deus. ...
"Luta e sacrifício ainda serão necessários. Para quê? Ora, isto é suficientemente
claro. Pensar na vitória significa pensar em tarefas ingentes. Um povo que não
pôde ser intimidado por quaisquer inimigos armados ou ameaças, não se eximirá
aos últimos esforços em direção ao alvo, nem a tarefas futuras, não importa quão
grandes sejam. Fomos colocados neste mundo para lutar e trabalhar. ..." Der
Adventbote [Periódico adventista publicado na Alemanha], 15 de julho de 1940.
"Como soldados de vanguarda, deixamos nossos lares e nossos negócios e aqui
estamos para defender a pátria nestes postos mais avançados." Der Adventbote
[Periódico adventista publicado na Alemanha], 1 de junho de 1941.
"Vivemos hoje em tempos momentosos e agitados, em que nosso destino jaz
diante das mais graves decisões e pesadas tarefas. Estamos em meio a uma guerra
terrível e total. Esta batalha está sendo sem dúvida travada direta e principalmente
por nossos soldados no exterior, no front, mas como esta é a maior luta possível, a
nação inteira nela toma parte. Todos os compatriotas alemães são no mesmo grau
combatentes e por isso todos devem agir e lutar como soldados no pleno sentido da
palavra. Devem ser bravos, cautelosos, abnegados, e demonstrar senso do dever,
como se o resultado dependesse de cada um individualmente. Deste modo, a
vitória está igualmente implantada no coração de cada um de nós. Qualquer que
seja o posto em que estejamos, cumpre-nos provar, cada dia e cada hora, que
somos guerreiros valentes, dignos de nossos heróicos irmãos do campo de batalha.
Só um pensamento nos deve hoje dominar: Como posso ajudar a alcançar a
vitória? Para este alvo devemos dirigir todas as nossas comissões e omissões, toda
a nossa fala e nosso silêncio, todos os nossos desejos e exigências. Esta
extensíssima guerra requer de todos os companheiros alemães os máximos e mais
elevados esforços em todo um tempo de expectação, sofrimento, sacrifício e luta."
Gegenwarts-Fragen [Periódico adventista publicado na Alemanha], 7 de novembro
de 1941. -- A Mensagem de Deus ao Povo do Advento, Estudo 11: "Objeção de
Consciência ou Combatência", págs. 39-41, publicado pela Editora Missionária A
Verdade Presente.
Apoio a Hitler: A Igreja
Adventista em Péssima
Companhia!
"A doutrina da reforma da saúde levou os Adventistas do Sétimo dia da Alemanha a
endossar o regime nazista no verão de 1933. Ele se regozijavam com o fato de que
a nação estava agora nas mãos de um homem "que recebe esse ofício das mãos de
Deus e reconhece ser responsável diante dEle. Como um abstêmio, não-fumante e
vegetariano, Hitler é a pessoa que mais se aproxima do ideal da reforma de saúde."
Essa opção adventista pela temperança e o viver saudável equilibrou a balança das
opiniões, embora sua aversão à carne de porco pudesse provocar suspeitas." -
Robert N. Proctor, um veterano historiador de Ciências da Universidade Estadual da
Pennsylvania. - Traduzido de http://www.nytimes.com/books/
A notícia da participação do Pastor Elizaphan Ntakirutimana na morte de centenas
de irmãos no episódio que ficou conhecido como "o Massacre de Rwanda" não foi a
primeira grave acusação de envolvimento adventista em crimes contra a
humanidade. Um artigo recentemente publicado pela revista Liberty confirma o
apoio denominacional a Hitler. Mas deixe-me contar como foi que cheguei até esse
artigo...
1. Inicialmente me surpreendi com o final do parágrafo traduzido abaixo, onde se lê
que os Adventistas do Sétimo Dia "estavam entre os mais ardorosos defensores do
Nacional-Socialismo" de Hitler:
"Mentiras sobre o Nacional-Socialismo Alemão
"Uma overdose de maliciosa desonestidade é dirigida contra a Nova Ordem
Europeia de Hitler. Por exemplo, existe um esforço permanente para manipular
cristãos com a ideia de que Hitler teria sido o azougue do Cristianismo. Na verdade,
Adolf Hitler recebeu apoio explícito de clérigos cristãos, católicos e luteranos. Entre
as pequenas seitas, os Adventistas do Sétimo Dia e as Novas Igrejas Apostólicas
estavam entre os mais ardorosos defensores do Nacional-Socialismo, desde muito
antes que Hitler chegasse ao poder." - Traduzido de http : //www. natva n .com/free-
speech/fs96 12a .html .
2. Em seguida, em outra homepage, que descreve toda a História do
comprometimento da liderança da Igreja Adventista com os governantes deste
mundo, sejam eles de direita, centro ou esquerda, descobri que os que se uniram
aos "reformistas", que desde a primeira grande guerra foram contrários à
participação de adventistas em combates, tiveram muitas razões para se desligar
da Igreja que apoiava Hitler!
"Entretanto, a posição oficial de que os soldados adventistas serviriam apenas
como não-combatentes foi mais uma vez desconsiderada na Alemanha Nazista,
onde um posicionamento prematuro e impensado da liderança adventista levou a
maioria dos recrutas a optar imediata e voluntariamente pelas armas embora
existisse o consenso de que poderiam escolher entre guerrear ou prestar serviços
de socorro médico. Os adventistas alemães abandonaram suas características para
expressar seu apoio incondicional ao regime, elogiando Hitler e seu Nacional-
Socialismo com entusiasmo e até delatando os irmãos pacifistas às autoridades
para que não fossem confundidos com eles. Desse modo, foram eliminadas as
tensões com o regime e sobreviveram intocados a despeito das muitas
similaridades entre suas crenças e práticas com o Judaísmo.- - Texto traduzido de
http://shemesri.scriolar.emorv.edu
3. Mas a história toda, inclusive do presidente da Associação Alemã Oriental que
obrigou os irmãos a saudarem a bandeira da suástica para não prejudicar a imagem
da Iasd, é contada pela revista Liberty:
"No povoado adventista de Friedensau, o Estado parlamentar Nazista obteve
99,9% dos votos. Quando alguns adventistas se recusaram a saudar a bandeira
suástica e usar a saudação de Hitler, o presidente da Associação Alemã Oriental,
W. Mueller, argumentou que essa atitude não faria bem à imagem da igreja. Ele
concluiu que 'sob nenhuma circunstância o adventista tem o direito de resistir ao
governo, ainda que o governo o obrigue a contrariar sua fé.' A resistência seria
inconveniente porque rotularia os adventistas como oponentes do novo Estado,
uma situação que se deveria evitar." - Texto traduzido de
http://www.libertymaqazine.org/html/lnqerman.html .
Convém ler todo o artigo, que pode ser encontrado no endereço acima. E é bom
saber que a revista Liberty é editada pela Divisão Norte-Americana da Igreja
Adventista do Sétimo Dia. Não se trata, portanto, de uma acusação de terceiros. É
uma confissão! Pena que não tenha sido seguida de arrependimento verdadeiro,
uma vez que não temos notícia de que a Associação Geral tenha pedido perdão aos
judeus, aos irmãos reformistas (cuja recusa em guerrear vinha desde a primeira
guerra) e a toda a humanidade pela infeliz escolha feita pelo Presidente da
Associação Alemã Oriental.
Resta ainda uma reflexão final. Quando surgir o Anticristo, último grande ditador
que este mundo conhecerá, de que lado ficaremos? De que lado ficará a liderança
da Igreja Adventista?
Robson Ramos
IASD: 100% a Favor de Hitler!
ESTRATAGEMA
Com uma luz tão gloriosa derramada em seu caminho, o Movimento da Reforma,
que permaneceu firme aos antigos princípios estabelecidos, abriu caminho não
apenas na Europa mas também em outras regiões. Como aumentou em membresia
e influência, a liderança da grande Igreja Adventista do Sétimo Dia reuniu-se em
Gland, Suíça, em 2 de janeiro de 1923, para debater sobre o problema da guerra e
também para encontrar alguns meios para impedir o rápido crescimento do
Movimento da Reforma. Como não encontraram meios de corrigir o problema que
levou o surgimento do Movimento da Reforma, os líderes adventistas valeram-se de
um estratagema. Em uma aparente confissão, condescenderam em dizer: "Na paz e
na guerra, rejeitamos participar em atos de violência e derramamento de sangue."
A EXPRESSÃO DE FALSA LIBERDADE
Se tivessem deixado o assunto neste ponto, como uma declaração positiva, teria
havido esperança de resolver o cisma na organização. Porém a atitude anterior
persistia sob outra formulação: "Mas concedemos a cada um dos membros absoluta
liberdade para servir ao seu país, em todos os momentos e em todos os lugares,
segundo os ditames da consciência de cada um." - Gland, Suíça, 2 de janeiro
de 1923 (ênfase nossa).
Isto, na nossa opinião, é o mesmo que dizer, não acreditamos na guerra, mas faça
o que a sua consciência lhe disser! Novamente, são introduzidos os enganos
traiçoeiros de uma liberdade de consciência que viola o dever e a obediência à lei
de Deus. Esse estratagema trouxe ainda mais confusão, além de qualquer
imaginação. Além disso, foi, para dizer o mínimo, uma admissão de que eles
erraram quando enviaram os nossos irmãos para a guerra em 1914. Mas agora, em
vez de confessarem este terrível engano àqueles que sofreram as consequências
até mesmo ao ponto de serem excluídos da igreja, concordaram em um conselho
particular sobre este nova posição enganosa. Esta declaração levou todas as
marcas de uma falsa confissão provocada por causa dos resultados da apostasia
deles. Os reformistas foram então forçados a rejeitar esta nova posição desde que
ela não restaurava a posição fiel e legítima deles nem trazia o padrão bíblico.
NENHUMA MUDANÇA REALIZADA
Além de tudo isto, a nova posição não se realizou por meio de nenhum governo ou
declaração como uma emenda às declarações anteriores, como é evidentemente
revelada em uma resposta recebida em inquérito. Citamos o breve excerto a seguir
de uma carta datada de 30 de dezembro de 1927, do Ministério das Forças
Armadas em Berlim, Alemanha, endereçada ao Quartel-General da Escandinávia do
Movimento da Reforma em Copenhaque, Dinamarca:
"Incluídos nos arquivos do Ministério das Forças Armadas está o manuscrito de 6 de
agosto (não 4) de 1914, assinado por H. F. Schuberth. ... "Mudanças ou emendas
ao manuscrito de 6 de agosto de 1914, não foram aceitas." (ênfase nossa). Ser-
Ihe-á mais claro o que isto significa depois.
Os jovens adventistas foram ainda convocados como soldados na ativa prontos para
o combate; e o documento Gland que informava que rejeitavam "participar em atos
de violência e derramamento de sangue", realmente não foi digno de crédito. Os
nossos temores a este respeito foram justificadas como mostraremos a seguir.
PROVA NO. 2: DESENVOLVIMENTOS
Enquanto os países europeus estavam ainda resolvendo o encontro sangrento de
1914-1918, e ainda estavam sendo pressionados pelas indenizações exigidas pelo
Tratado de Versalhes às vítimas, um político estava surgindo e levando vantagem
da situação humilhante com o objetivo de atrair as nações para um outro conflito
fatal. O "Furher", Adolfo Hitler, sob falsa pretensão e com um zelo nacional fanático,
criou uma fantástica máquina militar com poder extraordinariamente fatal. Suas
primeiras manobras arrojadas obtiveram sucesso reunindo a nação alemã ao seu
redor em uma unidade satânica e cada vez mais as nações aliadas amargaram um
cerco terrível. Neste entusiasmo selvagem, a religião foi esquecida e foi substituída
pela idolatria nacionalista. "Heil Hitler!" tornou-se a saudação comum (De fato,
"Salvação em Hitler").
PROSCRIÇÃO E ESQUECIMENTO
Este Movimento da Reforma foi logo colocado em risco. Nossa posição positiva
contra a violência e o derramento de sangue, além da observância do dia de
descanso idêntico ao dia de descanso dos judeus, que foram adversários declarados
de Hitler, naturalmente sofreu provações e perseguições. Não demorou muito até
que os fatos começassem a ocorrer. O Movimento da Reforma foi declarado como
inimigo do Estado e publicamente proscrito pelo edito de 28 de fevereiro de 1933,
No. 1; e em 29 de abril de 1936, foi oficialmente proscrito e toda propriedade
confiscada. Voltaremos ao assunto depois.
100% A FAVOR DE HITLER
Estudantes do ministério adventista
O Adventobe (O Mensageiro Adventista), órgão
oficial da Igreja Adventista Alemã, de 1 de
janeiro de 1937, mostrava os estudantes do
ministério Adventista em Friedensau alinhados
em uniformes nazistas em frente ao seminário
enquanto oficiais do governo os inspecionavam.
Foi declarado: "Friedensau pertence àquelas
comunidades que têm votado 100 % favorável
ao Fuhrer." Um ex-presidente da Conferência
Geral (o pastor C.H.Watson - 1931) até mesmo
em fila com uniforme nazista em res P° ndeu uma pergunta ao dizer: "Podemos
frente do seminário Friedensau para louvar a Deus P or temos ° governo atual. Hitler
serem passados em revista 16 de recebeu o seu poder de Deus."
outubro de 1936.
Temos toda uma série de
declarações das publicações oficiais dos Adventistas do
Sétimo Dia que revelam que os líderes da Igreja Adventista
elogiaram Hitler como uma dádiva dos céus. Embora estes
líderes estivessem um tanto sob pressão no princípio, uma
enfermeira adventista (Hulda Jost), que conhecia Hitler
pessoalmente, intercedeu por eles.
Como consequência, as igrejas permaneceram abertas em
uma base de acordo; mas isto foi raramente mantido. A
C.H.Watson
Igreja Adventista uniu-se pela Segunda vez com "os reis da terra"em total
apostasia, lutando e morrendo a favor de Hitler e seus guerreiros.
Declarações em documentos adventistas, tais como esta a seguir, demonstram a
triste tendência: "Estamos agora no meio de um tumulto de eventos de mudanças
de amplidão mundial. Uma grande época deve encontrar um grande homem ...
Portanto, não somente nos submetemos de boa vontade mas também com muito
prazer realizaremos cada trabalho requerido. Para aqueles que perderam suas vidas
nesta realização podemos citar as palavras de Jesus: 'Ninguém tem maior amor do
que aquele que dá a sua vida pelos seus amigos.' (João 15: 13). Lembremo-nos de
todos os homens que lutam e especialmente nossos irmãos, que estão preparados
para arriscar as suas próprias vidas pela terra natal e por aqueles que são deixados
para trás. Vamos também orar a favor do Fuher e seus associados." - Adventobe, 1
de outubro de 1939.
O Espírito de Profecia previu que a liderança manifestaria os sentimentos acima:
"Há uma perspectiva diante de nós de um conflito continuado, risco de
encarceramento, perda de propriedade, e até mesmo da própria vida, para
defender a lei de Deus, que é anulada pelas leis dos homens. Nesta situação de
política mundial exige-se uma condescendência exterior com as leis da terra, a
favor da causa da paz e da harmonia, e há alguns que até mesmo citam o conselho
da Escritura: 'Todos devem sujeitar-se às autoridades governamentais, pois não há
autoridade que não venha de Deus; as autoridades que existem foram por ele
estabelecidas.'" - Testimonies, vol. 5,p.712.
Isto foi o que aconteceu durante a Segunda Guerra Mundial, enquanto a irmã White
previra o que aconteceria depois: "um pouco tempo de paz":
"Uma vez mais os habitantes da terra foram apresentados diante de mim; e
novamente tudo estava na mais extrema confusão. Lutas, guerra, e matança, com
fome e pestilência, assolação em toda parte." - Testimonies, Vol. 1, p. 268.
A ESCOLHA DO POVO DE DEUS
Lembremos a clara declaração em Testimonies, Vol. 9, p. 17, que declara:
"Provas e provações assustadoras aguardam o povo de Deus. O espírito da guerra
está agitando as nações de uma parte a outra da terra. Contudo no meio da hora
da tribulação que vem - um tempo de tribulação como nunca houve desde que há
nação - o povo escolhido de Deu suportará a prova." (ênfase nossa).
O fato que permanece é este: nas duas provas e tribulações rigorosas a nominal
Igreja Adventista do Sétimo Dia falhou completamente. Apostataram. Contudo,
desde que foi dito: " O povo escolhido de Deus suportará a prova," é óbvio que
haveria um remanescente que "SUPORTARÁ A PROVA". São chamados "O povo
escolhido de Deus", indicando que Deus os tem escolhido, o Remanescente
escolhidos da grande apostasia, para serem seu povo. A esta escolha o profeta
Oséias apontou ao dizer: "... tratarei com amor aquela que chamei Não amada.
Direi àquele chamado Não-meu-povo: Você é meu povo; e ele dirá: Tu és o meu
Deus " Oséias 2:23.
PERMANECERÃO IRREMOVÍVEIS
Voltemos agora mais uma vez para o grupo minoritário de membros fiéis, proscritos
e esquecidos pelo decreto nacional. Qual o preço que pagaram? Entraram para a
história manchados pelo sangue dos mártires que enfrentaram a prisão, tortura e
até mesmo a morte, em vez de desonrarem o seu Deus e a sua santa lei. Sim,
muitos foram lançados em prisão e um grande número selaram suas convicções
com o seu próprio sangue. Escreva-nos para receber o livro And Follow Their Faifh!
(E Seguiram a Sua Fé!) descrevendo suas experiências. Provaram-se "fiéis até a
morte", e há uma coroa da vitória esperando por eles. Louvemos ao Senhor por
estes firmes defensores da verdade neste Movimento da Reforma. Na
verdade, foram verdadeiros na sua fé. Estes são exemplos dignos para seguirmos
no último teste da lei dominical, que surge agora diante do povo de Deus. Provar-
nos-emos fiéis, querido estudante? Que Deus nos conceda esta bênção!
A CORREÇÃO DE UMA FALSA EXPECTATIVA
Um enorme problema permanece sem resposta. Você pode perguntar: "Você
intenciona abalar a nossa confiança nos irmãos líderes do adventismo com estas
lições?
Você pode relembrar que na Lição 4 enumeramos muitos apelos a favor de uma
reforma. Portanto uma reforma era obviamente adequada. Mas ela começaria com
a liderança, a qual estamos propensos a observar? Ouça o conselho divino:
"O Senhor frequentemente opera onde menos pensamos; Ele nos surpreende pela
revelação do Seu poder por meio de instrumentos de sua própria escolha, enquanto
Ele passa pelos homens a quem temos considerado como aqueles por meio de
quem a luz viria. Deus anela que recebamos a verdade através dos seus próprios
méritos. - porque ela é a verdade ...
"Aqueles que não têm o hábito de pesquisarem as Escrituras por si mesmos, ou de
verificarem as evidências, têm confiado na liderança dos homens, e aceitam as
decisões promulgadas por eles; e assim muitos rejeitarão as verdadeiras
mensagens enviadas por Deus ao seu povo, se esta liderança não as aceitarem. " -
Testimonies to Ministers, pp. 106, 107.
Isto está em perfeita harmonia com a forte expressão anterior usada por Jeremias
em Jer. 17:5: "Assim diz o SENHOR: Maldito é o homem que confia nos homens,
que faz da humanidade mortal a sua força, mas cujo coração se afasta do
SENHOR."
"Aqueles aos quais é pregada a mensagem da verdade, raras vezes perguntam se
ela é verdadeira, mas sim: 'Por quem é ela defendida?' Multidões a avaliam pelo
número dos que a aceitam; e faz-se ainda a pergunta: 'Creu qualquer dos homens
eruditos ou dos guias religiosos?' Os homens não são hoje em dia mais favoráveis à
verdadeira piedade , do que nos dias de Cristo." - O Desejado de Todas as Nações,
pág. 459.
Não, não desejamos enfraquecer a sua confiança na verdadeira liderança. Foi o
grande Presidente Abraão Lincoln que disse: "Não sou um homem obrigado a
vencer, mas sou obrigado a ser verdadeiro. Não sou obrigado a ser bem sucedido,
mas sou obrigado a viver de acordo com a luz que possuo. Devo permanecer com
alguém que é correto, e permanecer com ele enquanto estiver correto, e separar
dele quando se desviar." Possa estas palavras serem também a filosofia de nossa
vida.
CONSEQUÊNCIAS DA LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA
"Respeitamos a Lei de Deus contida no decálogo como explicada nos ensinos de
Cristo e exemplificada pela sua vida. Por esta razão observamos o dia de descanso
do sétimo dia (Sábado) como tempo sagrado; nos abstemos do trabalho secular
neste dia, mas empenhamo-nos alegremente em obras de necessidade e piedade a
favor da assistência aos que sofrem e a elevação moral da humanidade; na paz e
na guerra rejeitamos participar em atos de violência. Concedemos a cada membro
de nossa igreja absoluta liberdade para servir ao seu país, todas as vezes e em
todos os lugares, segundo os ditames da consciência de cada um." - Gland, Suíça, 2
de janeiro de 1923.
Membro da Comissão Executiva da
Igreja Adventista do Sétimo
Dia, Yuguslávia 1925
ROMÉNIA 1924
"O serviço militar e a participação na guerra não
estão fazendo uma aliança com o mundo, nem
defendendo a Babilónia. A participação na guerra é
simplesmente um dever; com respeito à guerra os
nossos jovens também cumprirão o dever deles no
dia de descanso." - Prophecy, por P.P.Paulini, p.39.
YUGUSLÁVIA 1925
"O ensino da Escritura que diz: 'Dê a César o que é
de César e a Deus o que é de Deus' corresponde
aos adventistas em todo sentido. Atendem
conscienciosamente ao tempo do serviço militar
que é requerido deles, com armas nas mãos, na
paz assim como na guerra; e um número
significante de adventistas foram provados na
Guerra Mundial por meio de sua coragem, e muitos
trazem no peito uma medalha do mais alto
reconhecimento em razão da sua bravura." -
Adventizam, p.53.
RÚSSIA 1924 e 1928
"Estamos convencidos que Deus por meio da sua
providência, guiou o coração de nosso inesquecível WJ.Lenin, e deu-lhe e também
aos seus companehiros sabedoria para trazer as únicas e oportunas declarações
para o mundo hoje. Por esta razão os Adventistas do Sétimo Dia querem ser os
melhores cidadãos na crença na República Socialista Federal. A doutrina dos
Adventistas do Sétimo Dia permite aos seus membros a liberdade de consciência
com respeito ao dever militar, e não tenta ditar-lhes como eles devem agir ,
considerando que cada pessoa deve ser responsável por si mesmo com respeito ao
problema militar, de acordo com a sua própria consciência." - Presidente
HJ.Loebsack, Comité da Conferência.
"O sexto congresso dos Adventistas do Sétimo Dia, em 1928, declara e decide que
os Adventistas do Sétimo Dia são obrigados a dar a César o que é de César e a
Deus o que é de Deus, a saber, servir o estado pelo exército em todas as formas de
serviço, de acordo com a lei estabelecida para todos os cidadãos." - Resolução
tomada pela Igreja Adventista do Sétimo Dia da Rússia, Moscou, 19 de maio de
1928.
da Polícia para a Política), que lemos como segue:
AQUI ESTÃO ALGUNS
EXCERTOS DO LIVRO:
Página 18: "Nosso irmão
ancião em Cristo, Otto Welp,
que na Primeira Guerra
Mundial sofreu quatro anos de
perseguição pela sua fé, foi
um dos primeiros líderes a dar
um claro testemunho que não
poderia participar na política,
no serviço militar de forma
direta ou indireta, devido ao
ensino de Cristo vedando isto
e os crentes foram instruídos
a permanecerem afastados.
Por toda parte, especialmente
os irmãos dirigentes do
Movimento da Reforma
deram o mesmo testemunho
tanto por meio da palavra
quanto da escrita.
Consequentemente, já em 29
de abril de 1936, o Movimento
da Reforma do Sétimo Dia foi
proscrito. Reproduzimos a
carta do Ancião ( do Comando
Página 27: "Em 1941, Guenter Pietz, que já mencionamos anteriormente, foi
levado para o Campo de Auschiwitz devido à sua recusa de trabalhar no dia de
descanso. Após seis semanas foi solto por um breve tempo. Seus pais, irmãos e
irmãs não o reconheceram; todos gritaram quando viram o jovem magro. Por quase
um ano pode alegrar-se na liberdade, contudo foi alistado para o serviço de mão-
de-obra, onde permaneceu durante três semanas. Durante este tempo, visitou os
crentes, fortalecendo-se, e regozijava-se com eles na verdade. Então recebeu a
convocação para o serviço militar e foi levado para Halle, onde encontrou o irmão
Pacha, seu bom amigo e companheiro cristão. Ambos começaram a combater e
recusar o serviço militar. No comando de Himmler, os dois foram fuzilados no
mesmo dia por causa da resistência fiel deles. Ambos foram bons amigos na vida e
na morte, e ambos permaneceram firmes na confissão de fé."
Página 53: "Os campos de concentração foram um mundo sem Deus - ainda mais,
um mundo contrário a Deus. Nenhum tipo de atividade religiosa por parte dos
residentes foi permitida; todo artigo religioso foi proibido; até mesmo toda oração
murmurada foi proibida. Nem mesmo aos que agonizavam foi concedido este alívio.
Todos os assuntos religiosos eram zombados e escarnecidos.
"Com respeito aos internos, a SS (Schutzstaffel) não sentia nenhuma restrição a
nenhum dos mandamentos de Deus, nem mesmo o código natural de ética que
Deus pôs no coração de todo ser humano, até mesmo nos corações dos pagãos." --
Estudo da Reforma, Curso por Correspondência, Lição 14, "Uma Falsa Confissão".
Tradução: Benedito Tenório.
Fonte: http://ims.truepath.com/reform/reflesl4.html
Os Adventistas na Alemanha
Nazista (Tradução)
A Igreja Silenciosa, os Direitos humanos e a Ética Social Adventista
Zdravko Plantak
St. Marti ns's Press, Inc., New York, N.Y., 1998. [Texto extraído das págs. 17-21]
Os Adventistas na Alemanha
Os Adventistas alemães parecem ter sido incoerentes com sua proclamação de
liberdade religiosa por ocasião da I Guerra Mundial, entre as duas guerras, e
durante a II Guerra Mundial. Na Alemanha imperial, a maioria dos Adventistas
adotaram um nacionalismo extremado e a colaboração militar ativa. Um autor
Adventista argumentava em dezembro de 1915 que 'a Bíblia ensina, primeiro, que
participar da guerra não se opõe ao sexto mandamento; e segundo, que combater
no sábado não transgride o quarto mandamento.' Entretanto, depois da guerra, em
uma reunião da Divisão Europeia em Gland, Suíça, em 2 de janeiro de 1923, os
dirigentes da igreja na Alemanha reconheceram o equívoco de sua política, e
confessaram sua lealdade à comunidade Adventista mundial.
Esta declaração, no entanto, foi enfraquecida por um pronunciamento adicional que
reconhecia que cada membro possuía 'absoluta liberdade para servir a seu país, em
todo momento e em todo lugar, de acordo com os ditames de sua convicção e
consciência pessoal.' Essa declaração permitiu aos adventistas alemães repetir o
engano da I Guerra mundial durante o regime de Hitler sob o Terceiro Reich.
Como observou corretamente Erwin Sicher em 'As Publicações Adventistas do
Sétimo Dia e a Tentação Nazista,' os Adventistas falharam em numerosas maneiras
em relação ao regime nazista. Já em 1928, antes de que Hitler chegasse ao poder,
os adventistas estavam pedindo um Fúhrer forte. Artigo após artigo tratava desse
ideal do Fúhrer em escritos alemães e em publicações Adventistas.
Mais tarde, os escritores Adventistas deram as boas-vindas, em suas publicações e
também com seu voto, ao aparente renascimento da Alemanha. No povoado
adventista de Friedensau, 99,9% tinham votado pelo estado parlamentar nazista.
Quando alguns adventistas recusaram-se a saudar a bandeira com a suástica e
fazer a saudação hitleriana, o Presidente da Associação da Alemanha Oriental, W.
Mueller, argumentou que isso era mau para a imagem da igreja. Terminou dizendo
que 'sob nenhuma circunstância têm os adventistas direito a resistir ao governo,
ainda que o governo os impeça de exercer sua fé. A resistência poderia ser
inoportuna porque marcaria os Adventistas como opositores ao novo estado, uma
situação que se deveria evitar.
Outro proeminente escritor adventista e editor de várias publicações religiosas
Adventistas, Kurt Sinz, via o forte comando de Hitler no começo do regime
nacional-socialista como designado por Deus. Otto Bronzio foi um passo mais à
frente, pois disse no periódico oficial adventista, Der Adventbote, que 'a Revolução
Nacional Socialista era a maior de todos os tempos, porque fazia da preservação de
uma herança pura a base de sua vida étnica.' Alguns sugerem que o que ele quis
dizer possivelmente foi tirado de uma citação destacada dee Hitler - sobre a
questão do sangue - que aparecia na mesma página.
Esta ideia de uma 'herança pura,' instigada por Hitler e proclamada através da
nação alemã, também afligia os adventistas alemães. Embora o racismo explícito
raramente aparecesse em publicações adventistas, os adventistas imprimiam com
frequência comentários negativos com relação aos judeus, apoiavam tacitamente a
esterilização dos mentalmente incapazes, e muitos foram apanhados pelo
estimulado orgulho do nacionalismo alemão.
A mesma doutrina da superioridade da Alemanha sobre outras nações foi
transferida à educação Adventista na Alemanha, onde se estimulava os estudantes
a aprender a ter vontade e a pensar em Alemão. Ter vontade em alemão era um
conceito místico nazista; porque, no pensamento do Partido, os alemães 'tinham
vontade' de diferente maneira que quaisquer outros cidadãos. O educador W.
Eberhardt insistia, além disso, que as escolas Adventistas alimentavam 'o Espírito
Nacional Socialista' entre períodos de classes, quando revisavam as notícias,
estudavam os ideais nazistas, e cantavam canções nacionais alemãs.
Com uma crescente pressão para uma maior colaboração, muitos adventistas de
todos os grupos de idades ingressaram em organizações nazistas, como a
Juventude Hitleriana, a BDM (Associação de Moças Alemãs), o Serviço Trabalhista, e
a Cruz Vermelha alemã. Todos estes clubes estavam desenhados para fins de
doutrinação nazista, e embora os Adventistas soubessem que um percentual
significativo dos participantes no Serviço Trabalhista eram membros da SA, SS, e
Stanhelm, os grupos mais fanáticos que doutrinavam e militarizavam aos jovens,
aprovavam a participação nos clubes.
Johannes Langholf apoiava fortemente ao Serviço Trabalhista. Ele escreveu no Aller
Diener, "Esperamos que cada membro obedeça o mandamento divino, 'orar e
trabalhar'. Seria absolutamente contrário à nossa compreensão se nos
recusássemos a participar do Serviço Trabalhista." Patt sugeria que a razão
principal para que os Adventistas ingressassem na Frente Trabalhista Nazista era o
desemprego e as dificuldades económicas, e que "a maioria dos operários
adventistas sucumbia à pressão e se convertiam em membros do serviço
trabalhista para salvar a suas famílias." Entretanto, ingressar em uma organização
partidária não era obrigatório, e alguns ingressavam no Partido também.
Na Alemanha, os adventistas apoiaram a política externa nazista e, finalmente, a
guerra. A possível falta de acesso a informação confiável e, como resultado, um
conceito erróneo da verdadeira situação, levou-lhes a acreditar que o Fuhrer era
"um homem de paz". Quando a Áustria foi incorporada ao Reich, os adventistas
alemães "compartilharam a felicidade da volta dos austríacos de volta à mãe
pátria". Acreditavam que com a ajuda de Deus e "através da assistência divina ao
nosso capaz Fuhrer, Adolf Hitler se tornou o libertador da Áustria." Mesmo depois
da liquidação da Checoslováquia em 16 de março de 1939, os Adventistas ainda
não fizeram objeção. E até para esse ato de crueldade e opressão, encontraram
alguma justificação.
Então veio o ataque contra Polónia, que toda a Europa reconheceu como um ato de
agressão. Entretanto, em um editorial, Sinz pôde escrever que, em vista das
"desumanas torturas que nossos camaradas do povo sofreram entre este povo
estrangeiro," o ataque alemão foi provavelmente justificado. Os Adventistas
continuaram apoiando ao Hitler, e celebraram seu qiiinquagésiimo aniversário 11
dias depois de que a guerra tinha avançado para o Oeste com a invasão da
Dinamarca e Noruega pela Alemanha em 9 de abril de 1940. O periódico Adventista
Morning Watch Calendar, embora impresso quatro meses antes, dizia:
"A confiança em seu povo deu ao Fiihrer a força necessária para levar adiante a
luta pela liberdade e a honra na Alemanha. A inabalável fé de Adolf Hitler lhe
permitiu fazer grandes proezas, que lhe adornam hoje diante de todo mundo.
Desinteressada e fielmente, lutou por seu povo; valorosa e orgulhosamente,
defendeu a honra de sua nação. Com humildade cristã, em momentos importantes
quando podia celebrar com seu povo, deu honra a Deus no céu e reconheceu sua
dependência das bênçãos de Deus. Esta humildade o tem feito grande, e esta
grandeza foi a fonte de sua bênção, da qual sempre deu para seu povo. Só uns
poucos estadistas brilham tanto ao sol de uma vida abençoada, e são tão elogiados
por seu próprio povo como o Fuhrer. Ele sacrificou muito nos anos de seus
esforços, e pensou pouco em si mesmo durante a difícil obra em favor de seu povo.
Comparamos as inumeráveis palavras que ele disse ao povo como vindas de um
coração cálido, como sementes que amadureceram e agora produzem frutos
maravilhosos".
É irónico que, embora os adventistas insistam sobre a liberdade religiosa, não
levantaram suas vozes contra a perseguição de incontáveis judeus. Em vez disso,
até excluíram de suas igrejas os que tinham antecedentes judeus. No período em
que os adventistas alemães publicavam a revista sobre liberdade religiosa Kirche
und Staat (um observador de fora notou que seu propósito principal era a oposição
às leis dominicais), guardaram silêncio a respeito das purgações (eliminações) de
1933 quando centenas foram assassinadas, e não disseram nada contra a
perseguição dos judeus ou a respeito dos territórios ocupados.
Embora alguns adventistas individuais aparentemente resistiram à tentação nazista,
Sicher mostrou, a partir de publicações contemporâneas, que 'não parece ter
existido nenhuma oposição oficial ativa ao desumano regime nazista, e nem sequer
parece ter existido entre os próprios adventistas.' O comentário do Sicher é uma
apresentação desafortunada, mas honesta do Adventismo alemão na primeira
metade do século vinte.
Fonte: http://www.libertymagazine.org/html/lngerman.html em 06/03/2001.
Em espanhol:
http://www.geocities.com/alfil2 1999/ASDs en Alemania Nazi.html .
O Que Aconteceu com os
Adventistas que Disseram NÃO
a Hitler - 1
Para nossa vergonha como adventistas do sétimo-dia, apenas
os irmãos do Movimento da Reforma estão historicamente
autorizados a contar o que aconteceu aos heróis da fé
durante a 2 a Guerra Mundial. Veja:
Perseguição sob o regime totalitário
Sob o governo nazista na Alemanha, a liberdade religiosa foi pouco a pouco
suprimida. O Movimento de Reforma logo seria proibido. Nossos irmãos,
principalmente os obreiros, seriam declarados fora da lei. As propriedades seriam
confiscadas pelo Estado. Por isso, enquanto ainda havia oportunidade, em 1935, as
propriedades da União Alemã foram vendidas. A casa da missão em Isernhagen,
perto de Hannover, e a gráfica, que havia sido nosso principal centro missionário,
tiveram de ser entregues a estranhos por baixo preço.
Equipamentos, móveis, arquivos e livros foram transferidos para uma casa alugada
na vizinhança do antigo local da igreja. Ali os irmãos conseguiram trabalhar por
apenas breve espaço de tempo. Vindo o esperado decreto da proibição, a polícia
confiscou tudo o que encontrou na casa e lacrou as portas. Entretanto, recursos
financeiros, documentos e literatura da União já haviam sido postos em segurança.
Por meio de uma ordem de 29 de abril de 1936, nossa igreja foi proibida de
funcionar na Alemanha:
"Em base do decreto de 28/2/1933, parágrafo primeiro, assinado pelo presidente
da República, para a proteção do povo e do Estado (Jornal da Lei Federal 1, pág.
83), a seita chamada 'Adventistas do Sétimo Dia Movimento de Reforma' está
dissolvida e é proibida em todo o Território Federal. Suas propriedades deverão ser
confiscadas. Qualquer infração deste decreto será punida de acordo com o
parágrafo quarto do decreto de 28/2/1933.
[210]
"Razões:
"Sob o disfarce de promoverem atividades religiosas, os 'Adventistas do Sétimo Dia
Movimento de Reforma' desejam alcançar objetivos que conflitam com a ideologia
do Socialismo Nacional [nazismo]. Os seguidores dessa seita recusam-se a prestar
serviço militar e a fazer a continência alemã. Declaram publicamente que não têm
pátria, porque são de mentalidade internacional, e consideram todos os seres
humanos irmãos. Visto que a atitude da seita tende a causar confusão, sua
dissolução é necessária para proteção do povo e do Estado. Assinado por R.
Heydrich."
Em 12 de maio de 1936, nossa União Alemã foi declarada "dissolvida" pela polícia
secreta (Gestapo).
Depois de conselho mútuo, os líderes dos ASD Movimento de Reforma resolveram
entregar uma petição escrita às autoridades solicitando audiência. No segundo
encontro, no gabinete de Heydrich, nossos três irmãos ouviram que toda a questão
dependia de nós. Perguntaram a respeito da nossa posição com referência ao
serviço militar e à saudação alemã. Nossos irmãos responderam:
— Precisamos recusar saudação que envolva confissão política.
E quanto a matar, disseram:
— Seguimos as palavras de Cristo em Mateus 5:44: "Eu, porém, vos digo: Amai a
vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam e
orai pelos que vos maltratam e vos perseguem."
Heydrich replicou:
— Então vos recusais por todos os meios a prestar serviço militar.
Nossos irmãos responderam:
— Atemo-nos à Palavra de Deus e devemos rejeitar as exigências que se chocam
contra ela.
Nossos irmãos renovaram a petição e tiveram resposta em 12 de agosto de 1936:
"A exposição contida em vosso escrito de 27 de julho de 1936 não me dá razão
para suspender a proibição da seita 'Adventista do Sétimo Dia Movimento de
Reforma'. Assinado R. Heydrich."
Sob o regime de Hitler todas as nossas atividades religiosas foram proibidas.
Nossos jovens foram submetidos a severas provas quando chamados a portar
armas, pois não havia previsão para proteger objetores de consciência. Os pais
tinham de enfrentar problemas relacionados ao Sábado com os filhos em idade
escolar. [211] Era provação sobre provação. Por dez anos, até o fim da Segunda
Guerra Mundial, nossos irmãos trabalharam clandestinamente. Durante esse terrível
tempo de angústia, muitos de nossos irmãos tiveram de enfrentar prisão e até
morte.
A provação veio também sobre a Igreja ASD, porém eles encontraram solução fácil
que nosso povo não pôde endossar. ...
Nesse ponto, a luz por nós recebida através Espírito de Profecia diz:
"Nossos irmãos não podem esperar a aprovação de Deus enquanto põem seus
filhos onde lhes seja impossível obedecer ao quarto mandamento. Devem esforçar-
se para fazer com as autoridades arranjos pelos quais as crianças sejam
dispensadas das aulas no sétimo dia. Falhando isso, é evidente o seu dever —
obedecer aos mandamentos de Deus, custe o que custar." —Historical Sketches of
the Foreign Missions of the SDA (Esboços Históricos das Missões Estrangeiras dos
Adventistas do Sétimo Dia), pág. 216.
Quando a opressão religiosa na Alemanha alcançou o clímax, Deus interveio em
favor de Seu povo. Após quase dez anos de proscrição e perseguição, nossos
irmãos alemães ficaram gratos a Deus pelo fim da oposição em 1945 e pelo fato de
poderem de novo respirar livremente e reunir-se em paz. Suas primeiras reuniões
distritais, após a Segunda Guerra Mundial, foram realizadas em Solingen (14-15 de
setembro de 1945) e em Esslingen (26-28 de outubro de 1945).
No periódico Der Adventruf (O Chamado do Advento) de dezembro de 1946,
primeira edição, relataram:
[213]
"Durante a guerra as experiências dos irmãos, de acordo com os seus testemunhos,
mostram que o Senhor guiou Seu povo de maneira maravilhosa através de tempos
trabalhosos. Tribulação, encarceramento e perseguição aproximaram os irmãos
ainda mais uns dos outros. Louvamos nosso Senhor e Salvador por esse grande
auxílio. ...
"Dez anos de opressão e perseguição ficaram para trás. O Senhor não consentiu em
que Seu povo fosse aniquilado. ... Muitos irmãos perderam a vida por causa de sua
fé: irmãos Hanselmann, Schmidt, Zrenner, Brugger, Blasi e muitos outros dos quais
não fomos informados. Sabemos apenas que permaneceram fiéis até a morte.
Muitos, irmãos e irmãs, jovens e velhos, tiveram de sofrer em campos de
concentração, prisões e penitenciárias, onde padeceram torturas em mãos de
carrascos."
Que terrível dia será aquele em que os homens forem chamados a prestar contas
do sangue inocente que derramaram! -- Copiado do livro A História dos Adventistas
do Sétimo Dia — Movimento de Reforma, págs. 209-213.
Narraremos a seguir algumas experiências individuais que mostram quanto nossos
irmãos reformistas tiveram de sofrer, especialmente durante a Segunda Guerra
Mundial:
Irmã "fraca na fé" delata missionários disfarçados
Gheorghe Panaitescu
O irmão Panaitescu trabalhava na Alemanha quando Hitler subiu ao poder em 1933.
Contou-nos o que aconteceu a ele e a outros, de 1933 a 1939, quando eclodiu a
Segunda Guerra Mundial.
Sendo obreiro bíblico, era seu dever visitar nossas igrejas, grupos e membros
isolados, com o presidente do Campo Setentrional, irmão Joseph Adamczak.
Oficialmente não podiam ser missionários. Por isso viajavam como representantes
de uma casa de sementes, vendendo também mudas de árvores frutíferas,
hortaliças, flores, etc. Não conseguiram, porém, trabalhar por muito tempo dessa
forma, pois foram delatados. Tiveram problemas sérios com as autoridades quando
estas descobriram que o real propósito das viagens deles era fazer trabalho
missionário em favor da igreja proscrita.
Embora nossos cultos fossem proibidos, os irmãos, de duas ou três famílias,
reuniam-se aos Sábados em casas particulares. Certo Sábado tiveram
excepcionalmente uma reunião maior. Quase 35 membros se congregaram na casa
do irmão Adamczak, em Hannover, para celebrar a Ceia do Senhor e receber na
comunhão um irmão recém-batizado. Tiveram naquele dia uma experiência que nos
lembra a de Paulo, muitas vezes em perigo entre falsos irmãos.
Foram delatados por uma irmã "fraca" na fé. Em resultado, todos os [214] que se
encontravam na reunião — dois ministros, o tesoureiro da União, vários obreiros,
colportores e leigos — foram intimados a comparecer em juízo, em 9 de janeiro de
1937. Todos foram julgados e condenados à prisão: os ministros e o tesoureiro da
União por um ano, os obreiros bíblicos e os colportores por seis meses, e leigos,
inclusive a irmã Panaitescu, por dois meses.
Nessa época o irmão Panaitescu fugiu para a Suíça e, dali, emigrou com a família
para a Argentina, onde passou a desfrutar liberdade religiosa.
"O pior ainda está para vir"
Johann Georg Hanselmann
O irmão Hanselmann foi um de nossos líderes fiéis. Como delegado pela Alemanha,
compareceu a todas as nossas assembleias da Conferência Geral realizadas antes
de ser preso e morrer.
O Movimento de Reforma na Alemanha foi declarado ilegal em abril de 1936. Sendo
assim, só havia uma possibilidade de nossos irmãos estarem em harmonia com a
vontade de Deus: trabalhar clandestinamente e suportar as consequências. Por agir
assim, o irmão Hanselmann, líder do nosso Campo Alemão Oriental, foi preso em
setembro de 1936.
Em 27 de janeiro de 1937, a polícia secreta do Estado expediu o seguinte
comunicado a respeito do irmão Hanselmann:
"Em relação às medidas de proibição tomadas contra líderes, ministros e
colportores da Igreja Adventista do Sétimo Dia Movimento de Reforma, o atual líder
da Alemanha Oriental, Johannes Hanselmann, ... foi ... detido para investigação.
Logo depois, foi expedido mandado de prisão em 23 de março de 1937, sob as
seguintes acusações:
"Ele (Johann Hanselmann) dirigiu o carro através da Saxônia, Brandenburg,
Pomerânia, Silésia e Prússia Oriental. Visitou os seguidores dessa seita, realizou
estudos bíblicos, celebrou a Ceia do Senhor de acordo com o rito dessa seita
proibida e recebeu dinheiro que havia sido arrecadado.
"O acusado diz também que, por princípio religioso, evita discussões seculares, e
em todas as ocasiões dá livre testemunho da Palavra de Deus, conforme escrito na
Bíblia."
Por esses "crimes" foi julgado e ficou preso até 2 de outubro de 1937.
Logo depois, foi preso novamente, julgado em Halle/Saale, acusado e sentenciado a
dois anos de prisão, pelas seguintes "razões": [215]
"O acusado foi anteriormente ministro da seita dos 'Adventistas do Sétimo Dia
Movimento de Reforma', proibida em todo o país em 29 de abril de 1936 por
decreto do principal assessor da polícia secreta.
A referida seita, com sede em Isernhagen, separou-se da Igreja Adventista do
Sétimo Dia, a grande, em 1914, porque os adventistas, contrariamente a seus
princípios de fé, permitiram a seus seguidores prestar serviço militar. Os
reformistas entendiam que os adventistas não tinham autoridade para dar essa
permissão aos membros.
O contraste entre adventistas e reformistas aumentou depois da revolução
nacional. Enquanto os seguidores da Igreja Adventista do Sétimo Dia se
resguardavam, sem exceção, em sujeição ao governo nacional-socialista, faziam a
saudação germânica, matriculavam os filhos em organizações nazistas e prestavam
serviço militar, os adeptos do Movimento de Reforma mantiveram os antigos
princípios de fé. Sob o disfarce de movimento religioso, pretendem alcançar
objetivos contrários à cosmovisão do socialismo nacional. Recusam-se, portanto, a
servir no exército, não adotam a saudação germânica, não apoiam as organizações
nazistas, tais como NSV, RLB e WHM. São internacionalmente assim orientados,
pois não reconhecem pátria e consideram todos os seres humanos irmãos.
"Os reformistas adotam o ponto de vista de que só podem obedecer à lei enquanto
não contradisser a Bíblia, porque para eles importa mais obedecer a Deus que aos
homens."
Findos os dois anos, o ir. Hanselmann foi novamente levado ao tribunal. Na noite
anterior à última audiência, não conseguiu dormir. Estava aterrorizado. Perto do
amanhecer, já muito exausto, finalmente adormeceu e sonhou que precisava
atravessar escuridão espessa que lhe causou grande temor. Então ouviu uma voz
que dizia: "Não temas, Johann, Eu estou contigo." Depois, despertou. Todo o temor
desaparecera e sentiu-se encorajado a morrer pela fé.
O relógio de bolso e alguns pertences foram enviados para a esposa.
Numa carta a ela, escreveu resumidamente: "O pior ainda está para vir. Estou
sendo levado para o campo de concentração de Sachsenhausen."
Em maio de 1942, a irmã Hanselmann recebeu o informe oficial de que o marido
havia adoecido. Contraíra disenteria e morrera no campo de concentração. Um
colega da prisão, relatou posteriormente que, por haver-se recusado a trabalhar no
Sábado, o pastor Hanselmann, com as mãos amarradas para trás, foi levantado e
sufocado até a morte.
[216]
Declaração de renúncia de sua "fé louca"
Gottlieb Metzner
O irmão Metzner foi testemunha atuante em favor da mensagem de reforma.
Conduziu várias almas a Cristo. Entre elas, o irmão Gustav Psyrembel, amado e
corajoso batalhador da fé, um dos primeiros mártires do Movimento de Reforma.
Outra alma preciosa trazida por ele para a verdade foi a irmã Kiefer, cujo marido,
terrivelmente irado, invadiu a casa do irmão Metzner com um machado, para mata-
lo. A irmã Kiefer foi detida num Sábado. Foi lançada na prisão, e maltratada.
Contudo, nada foi capaz de impedi-la de aceitar a verdade. Depois de libertada,
selou a fé com o batismo. Em resultado disso, o nosso irmão tornou a sofrer: Em
1944 foi levado para o campo de concentração de Esterwegen, perto de Osnabriick.
Como tivesse família grande, e também por outros fatores que foram levados em
consideração, as autoridades o libertaram depois de seis meses.
Durante a ausência dele, os quatro filhos em idade escolar eram obrigados pela
polícia a frequentar a escola. A casa era investigada, e a família constantemente
multada, o que acabou onerando pesadamente a escassa renda de sua pequena
fazenda.
Esses métodos não desanimaram o casal, embora nosso irmão fosse muitas vezes
intimado a comparecera interrogatório judicial.
Em 1939 os filhos foram tirados com violência do lar e levados para outro lugar, a
fim de receberem escolaridade. O irmão Metzner foi preso pela última vez em 19 de
outubro de 1944. Na polícia secreta de Breslau, apresentaram-lhe uma declaração
de renúncia de sua "fé louca". Garantiram-lhe que, assim que a assinasse, os
quatro filhos receberiam permissão imediata para voltarem para casa.
Um policial ali presente relatou depois que o acusado havia declarado que havia
muitos anos cria na Palavra de Deus, e agora via tudo cumprir-se. Percebia também
o completo colapso do totalitarismo e não podia nem devia renegar a fé, nem negar
a Deus. Esse foi o último testemunho que ouvimos do irmão Metzner. Como
verdadeira testemunha de Cristo, permaneceu fiel até a morte na prisão. O único
filho homem do casal também foi preso, e nunca mais voltou.
Apenas o coração de mãe seria capaz de suportar tragédia semelhante. Somente
em 1945, quando o sistema ditatorial culpado de tamanhas crueldades veio abaixo,
a Sra. Metzner pôde ter de novo em sua companhia as três filhas, através da
maravilhosa direção de Deus. (Resumido e adaptado do livro And Follow Their Faith
(Imitai-lhes a Fé), págs. 7 e 8).
[217]
Traído por um ministro adventista diante do tribunal
Gustav Psyrembel
O irmão Metzner serviu como instrumento para que um jovem de Karlsmark,
distrito de Brieg, conhecesse o Movimento de Reforma.
Estava surgindo o poder totalitário estatal na Alemanha e os militares exigiam que
os cidadãos tomassem posição definida em defesa da pátria. Como resultado, o
jovem Gustav Psyrembel, foi convocado.
Fazia pouco tempo que se havia casado, quando chegou a intimação para o
alistamento. Psyrembel recusou-se a cumprir o dever militar por crer no Evangelho
da paz anunciado por Cristo.
Declarou em termos breves e claros que se negava a participar de treinamentos de
guerra por ser atitude incompatível com o espírito pregado no Sermão da
Montanha. Tinha plena certeza de que todos quantos cressem no Evangelho
deveriam estar unidos numa comunidade internacional, e que era sua tarefa
"buscar e salvar o que se havia perdido."
Portanto, ao lado dos companheiros de fé, não podia, conscientemente, concordar
com a participação na guerra sanguinolenta entre nações, nem com outras coisas
referentes a ela.
Foi preso, e depois de infrutíferos esforços para mudar seu modo de pensar, foi
levado perante a corte marcial em Berlim. Disseram-lhe que devia prestar contas
de suas ações, não diante de um concílio de igrejas, mas da corte militar. Tentaram
persuadi-lo de que todo homem deve obedecer o governo.
Psyrembel corajosamente testificou que o reino de Deus não é deste mundo e,
portanto, os seguidores de Cristo não podem lutar por reinos da Terra. Então
apresentaram-lhe uma carta longa, escrita por um ministro adventista do sétimo
dia, que recomendava a defesa da pátria como dever cristão. O jovem, de pé,
perante o tribunal superior de guerra, traído por ministros da Igreja Adventista que
o acusavam de ter pontos de vista erróneos, declarou firmemente que não podia
servir a dois senhores.
Segundo suas convicções, somente a cristandade apostatada podia estar com a
Bíblia numa das mãos e a espada na outra. Toda igreja que agisse dessa maneira
não tinha a eficácia da piedade, mas apenas a aparência.
Psyrembel foi condenado à morte. Numa carta cheia de pormenores à esposa,
expressou pesar ao saber que um ministro adventista, em carta dirigida ao tribunal,
o havia traído e apresentado sob falsa luz sua posição. Nem essa traição o
desanimou. Numa cela solitária, esperou o dia da execução da sentença.
Só Deus sabe que sentimentos passaram na alma desse soldado da cruz durante
aqueles dias tenebrosos. Sua última carta mostra que o Espírito do Senhor [218]
havia posto seus pensamentos acima de toda privação, sofrimento e necessidade.
Seus olhos estavam dirigidos para cima, para além deste mundo em conflito com
Deus. Ele possuía a certeza serena de que "todos os que lançarem mão da espada,
à espada morrerão", o que se cumpriu literalmente na História em 1945, cinco anos
depois de sua morte.
As cidades onde ele foi prisioneiro por causa da fé, onde a corte militar o
sentenciou à morte e seu sangue foi derramado, foram destruídas por um
bombardeio. E nós, mais uma vez nos lembramos de que "tudo o que o homem
semear, isso também ceifará." (Condensado do livro And Follow Their Faith, págs.
9, 10, 13 e 14).
Cada dia que surge pode ser o último para mim...
Eis as últimas cartas do irmão Psyrembel à sua esposa:
Berlim, NW 40, 12 de março de 1940
Querida ...
A paz do Senhor esteja contigo.
Aproveito esta oportunidade para escrever algumas linhas, porque cada dia que
surge pode ser o último para mim. ... Portanto, não devemos ceder na hora da
decisão. Este é o caminho certo, a verdade. Esta obra é de Deus, e Ele não
permitirá que pereça. É lamentável que muitos irmãos [na tríplice mensagem] se
desviem do caminho certo, abandonem o Líder e Sua bandeira, separem-se dEle,
comecem a duvidar de Seu divino amor e orientação, e O entristeçam.
Algum dia eles se arrependerão amargamente e reconhecerão seu erro, mas talvez
seja tarde para sempre e não haja auxílio nem salvação. Não compreendem que
estão traindo os que se apegam firmemente a Deus, tornando a batalha
indizivelmente mais pesada. Quando um caso semelhante ao meu chega ao tribunal
de guerra, [os oficiais] dizem:
"Os outros [adventistas] estão plenamente convencidos de que estão cumprindo o
dever sem violar a consciência e sem violar os mandamentos de Deus. Por que você
não faz o mesmo?"
É muito difícil em tal caso defender a verdade, explicar nossa posição para as
autoridades e dizer que não podemos agir de outro modo. Fui repreendido outra
vez por causa de minha "resistência ao ensino" e minha "obstinação". Esses
[crentes transigentes], especialmente os ministros, têm conseguido enganar o
povo.
Por meio de falsas representações da verdade, eles nos descrevem como
criminosos e iludidos. Não contentes em evitar conflito e fugir das dificuldades,
procuram também justificar suas ações erradas mediante declarações e exemplos
irrelevantes das Escrituras.
Percebi isso na longa carta de sete páginas, recebida de um ministro [219] que usou
argumentos supostamente confirmados pelos Testemunhos.
Porém, nada disso nos deve abalar. A verdade continua sendo verdade, e o que é
correto continua sendo correto. O futuro há de revelar de que lado está a verdade.
Na esperança de ainda nos encontrarmos, encerro esta carta. Que o Senhor esteja
com você. Receba as cordialíssimas saudações e os beijos de seu extremoso
marido.
Transmita as melhores saudações a todos os que sempre pensam em mim. Seu
Gustav.
Querida, amanhã serei executado...
Berlim, NW 40, 29 de março de 1940
Querida ...
Saudações com 2 Coríntios 4:16-18.
Acabei de saber que amanhã, dia 30, às 5:00 h da manhã, serei executado. Mais
uma vez tive oportunidade de fortalecer-me com a Palavra do Senhor nesta última
jornada. Trouxeram um Novo Testamento para eu ler. (Mas recebi comida escassa).
As porções de pão que nos dão aqui são minguadas, e, em geral, tudo é muito mais
estrito do que em Plótzensee.
Tenho, porém, suportado tudo com alegria e paciência, pois conheço Aquele por
quem faço todas essas coisas e sei que não sou o primeiro nem o único a ser
contemplado com esse quinhão.
Diz o Senhor: "Alegrai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos Céus."
"Levantai as vossas cabeças, porque a vossa redenção se aproxima." Essas
promessas preciosas são o que nos mantêm empenhados nesta batalha renhida,
porém maravilhosa. O Senhor prometeu Sua proteção e poder, e está pronto a
concedê-los a Seus filhos quando necessitarem. Tenho experimentado isso em
todos esses anos de luta.
O Senhor seja louvado e exaltado! É Ele que me tem mantido sadio de corpo e
alma e tem-me dado Sua alegria e Seu amor em grande medida. Ele não me
deixará nesta hora extrema. Não devemos entristecer-nos, mas alegrar-nos ao
considerar o privilégio de sofrer e morrer por Sua causa.
"Sê fiel até a morte, e dar-te-ei a coroa da vida." Ele prometeu e, com fé neste
poder e salvação, partirei desta vida na esperança, meus queridos, de que nos
veremos outra vez em Seu reino, para estarmos eternamente com Aquele que nos
amou até a morte.
Ali viveremos na paz e felicidade imperturbáveis e inseparáveis pelas quais tanto
ansiamos na Terra. Seremos como os que sonham e dificilmente compreenderemos
a felicidade que será o galardão de criaturas pecadoras e indignas como nós, que
merecem castigo e morte. Que precioso privilégio é saber e crer em tudo isso.
Quanto a você, querida esposa, não permita jamais que esse precioso tesouro
[220] lhe seja tirado das mãos. Confie no Senhor em todas as circunstâncias da
vida. Ele estará ao seu lado e nunca a deixará. Supere a dor e complete a carreira.
Console-se e tenha bom ânimo.
Eu não desistiria desta fé nem por todo o mundo. Aquele que ama a Cristo jamais
poderá deixá-Lo. O Senhor concederá êxito a todos os Seus filhos que se
empenham em guardar os Mandamentos.
Será também consolo para você saber que não serei sepultado vivo.
Espero que o Senhor a sustenha. Que Ele a abençoe e guarde. Que sobre você Ele
ponha Sua proteção e graça, e lhe conceda a paz! Este é meu último desejo e
oração. Amém!
Uma vez mais, e pela última vez, saudações sinceras de seu querido marido.
Cordiais saudações à mãe e a todos os diletos irmãos e irmãs na fé, bem como a
todos os parentes tanto do meu lado quanto do seu. Gustav Psyrembel. —And
Follow Their Faith, págs. 10-13. -- Copiado do livro A História dos Adventistas do
Sétimo Dia — Movimento de Reforma, págs. 213-220.
Condenado à morte por recusar-se a lutar na guerra
Anton Brugger
Informação obtida de Esther, noiva de Anton Brugger:
Batizado em Wórthersee (perto de Klagenfurt, Áustria), em 1922, Anton foi
membro ativo e animado da Igreja da Reforma. Quando eclodiu a guerra em 1939,
conseguiu fugir para a Itália. Esther o encontrou certo Sábado numa reunião da
Igreja Adventista de Trieste. Brugger apresentou a Esther a verdade pregada pelo
Movimento de Reforma, a qual ela transmitiu a outros. Com a ajuda de Deus, foram
estabelecidos grupos reformistas em Trieste e Milão.
A Itália ainda não havia entrado na guerra. O irmão Brugger foi a Génova, e tentou
embarcar num navio para os Estados Unidos. Mas não foi isso que aconteceu.
Durante curta escala em Milão, onde o irmão Múller estava instruindo um grupo na
mensagem de reforma, Anton foi preso pela polícia e, depois de ser mantido sob
custódia por um mês, voltou para a Áustria, então sob domínio alemão.
Na Áustria, com sinistro pressentimento, por vários meses foi padeiro. Um dia o
receio se tornou realidade: Foi convocado. Tendo-se recusado a prestar serviço
militar, foi levado ao tribunal em Salzburg, onde foi condenado a passar dois anos
num campo de concentração.
Cumprida a pena, foi novamente recrutado. Recusando-se novamente, e dando
claro testemunho da verdade presente, foi levado à corte marcial em Berlim, onde
foi condenado à morte como objetor de consciência. (Adaptado do livro And Follow
Their Faith, págs. 40 e 41).
Querida mãe, hoje é meu último dia...
Transcrevemos a seguir duas cartas de Anton Brugger, escritas na prisão de
Brandenburg-Górt, em 3 de fevereiro de 1943:
[221]
Minha querida e estimada mãe:
Peço-lhe que, ao receber estas linhas de meu adeus, não fique abatida, mas que
seja forte e tenha bom ânimo. Recebi sua última carta amável, a qual me trouxe
grande conforto. Seus esforços bem-intencionados em favor de liberdade
condicional provavelmente serão inúteis. Ainda que obtivesse resultado, seria tarde
demais, porque hoje é meu último dia. Sim, a situação realmente se tornou séria.
Às 6h00 horas desta tarde minha sentença será executada.
Ah!, querida mãe, meu coração sofre muito pela senhora, que ainda terá de passar
esse terrível pesar. Embora eu deseje poupar-lhe tudo isso, não posso agir de outro
modo. Tenho de obedecer a consciência.
Desejaria muito fazer feliz seu coração maternal, fiel, nos dias da sua velhice,
embelezar e tranquilizar a sua vida. Mas já que este foi o decreto, não nos
entristeçamos. Recebamos pacientemente das mãos de Deus esse fardo. Como
sempre passando necessidade, não nos foi concedido permanecer juntos por muito
tempo nesta vida.
Por isso, querida mãe, conforte-se na bem-aventurada esperança de que algum dia
estaremos juntos para sempre com o Senhor. Essa certeza e esperança é meu
maior conforto e força nesta hora de severa provação. Sei que meu misericordioso
e benevolente Senhor e Salvador Jesus Cristo, o fiel Deus que me redimiu e que
tem estado conosco até agora, também me concederá força e poder para a
derradeira e dolorosa caminhada.
Peço-lhe encarecidamente: não se desespere. Confie no Senhor. Ele será seu
conforto e auxílio. Não a abandonará. Faça tudo quanto puder para servi-Lo, a fim
de que possamos ver-nos outra vez.
Peço-lhe que faça esforços especiais para lançar fora o ressentimento contra quem
quer que a tenha ofendido. Refiro-me especificamente aos parentes de Saalfelden.
Perdoe-lhes de todo o coração e esqueça todo o mal que fizeram. Lembre-se do que
disse o Salvador.
Se não lhes perdoar as ofensas, não será perdoada. Deus nos trata como nós
tratamos os semelhantes.
Peça a Deus que sempre lhe conceda força para vencer, e não desfaleça na luta
contra o pecado. Então o Senhor lhe dará vitória.
Tenha sempre em mente que tudo está em jogo, mesmo a vida eterna, a qual só
podemos obter se vencermos a nós mesmos e seguirmos o Salvador em Sua
mansidão e humildade. Minha última súplica ao Senhor: que a senhora seja salva
para o presente e para a eternidade.
Espero que tenha recebido também minhas cartas anteriores.
Tenho mais um pedido: Quero ser sepultado no cemitério municipal de Salzburg.
Quando eu estiver lá, a senhora poderá visitar [222] de vez em quando o meu
jazigo. Para isso, precisará enviar uma petição ao departamento da polícia distrital
de Brandenburg-Havel, para que enviem para Salzburg a urna de seu filho que
morreu em 3 de fevereiro de 1943, na prisão de Brandenburg. Então a urna será
enviada ao departamento da polícia de Salzburg com o débito das despesas, que
serão pequenas. Só depois disso será permitido o funeral.
Vá aos queridos Bliebergers e deixe que tomem informações na polícia de Salzburg.
Façam todos os preparativos e realizem o último serviço de amor por mim. Que o
Senhor abençoe grandemente a eles e a seus filhos!
Saúdo também a todos os queridos de toda parte. Que o Senhor os abençoe e
guarde! Com o profundo amor de filho, saúdo-a na esperança de vê-la outra vez e a
todos os nossos queridos na presença do Senhor. Beija-a o seu Anton. — And
Follow Their Faith, págs. 48 e 49.
Prefiro o castigo da morte, marcada para hoje...
Minha amada Esther, estimado tesouro:
Lamentavelmente não foi possível ver-nos novamente. Ah, como desejei mais uma
vez contemplar o seu lindo rosto e dirigir-lhe algumas palavras. Guardo sempre
comigo sua bela fotografia.
Na contracapa da minha Bíblia o seu retrato está diante de mim.
Agora tome a Bíblia como lembrança minha. Espero tenha recebido minha última
carta. Quando for ter com minha mãe, ela entregará estas cartas a você.
Nunca nos passou pela mente que nosso encontro em Niederroden seria o último.
Eu sempre tive pressentimento de que grave e severa provação estava reservada
para mim. Se não lhe disse nada, foi para não amedrontá-la. O que eu há muito
receava e esperava acontecer tornou-se agora realidade. Ah!, quão alegremente eu
desejaria viver para trabalhar e beneficiar os outros. Como seria bom trabalhar com
você na prática do bem. Não poderia haver para mim felicidade mais completa do
que essa.
Angustio-me só em pensar na tristeza de minha querida e boa mãe. Peço-lhe
encarecidamente que cuide dela e a conforte. Ah!, eu sei que a você, igualmente,
querida Esther, golpearei severamente.
Não desfaleça, porém. Antes, console-se no Senhor. Devemos receber com
paciência das mãos dEle esse triste fim. Ele sabe o motivo por que nos permitiu
sobreviesse tudo isso. Não há outro caminho a escolher. Não é possível, de acordo
com a minha fé, tomar parte na guerra. Eu poderia ficar livre se apenas me
submetesse a obedecer sem reservas a todas as ordens do governo, mas isso não
posso [223] fazer sem conflito com a consciência.
Prefiro, portanto, sofrer o castigo da morte, marcada para hoje, 3 de fevereiro de
1943, às 6 horas da tarde. Embora seja penoso, o Senhor terá misericórdia de mim
e me ajudará até o fim. Já que o desejo de nosso coração de estar unidos na Terra
tornou-se agora impossível por essa realidade triste, devemos confortar-nos com a
preciosa esperança de rever-nos no Senhor.
Confio na graça e na misericórdia do Salvador, que Ele me aceitará e graciosamente
perdoará os meus pecados. Seja também fiel ao Senhor Jesus. Ame-0 e sirva-0
com todas as forças. Não se assombre, antes, conforte-se. Depois da vinda do
Senhor ninguém poderá mais nos separar, nem a dor poderá nos acometer.
Saudações de minha parte a todos os queridos. Meu coração tem estado sempre
com eles. Transmita especialmente recordações minhas a seus queridos pais e
dileto irmão. ...
Eu ficaria contente em ser sepultado na terra, mas todos os executados aqui
passam pelo crematório. Já solicitei à minha mãe que peça permissão para sepultar
a urna com minhas cinzas em Salzburg, pois esse é o melhor lugar. Espero não ter
vivido em vão.
Agora, querida, amada minha, que o Senhor abençoe a você e aos seus queridos, e
a proteja e ajude misericordiosamente para que possamos ver-nos outra vez para
sempre ao lado dEle em Seu glorioso reino de paz. Amo você com ternura até o
fim. Adeus, querida, Auf Wiedersehen! O seu Anton. — And Follow Their Faith,
págs. 49-51.
Encontrou um ministro adventista, soldado de Hitler
Arnold Seelbach
Certo dia em 1938, o irmão Seelbach, recém-liberto da prisão, caminhava
meditando para a estação do trem. Fazendo uma revisão de tudo quanto havia
passado, parecia-lhe sonho estar de novo em liberdade.
Quantas vezes fora no campo de concentração posto junto à parede para ser
fuzilado! Diariamente a vida estava em perigo.
Uma vez quiseram enterrá-lo vivo, contou ele. Além disso, não fazia muito, havia
sido trancado numa cela gelada, tão escura que não podia ver as mãos diante dos
olhos. Sobreviveu pela graça de Deus, apenas com uma porção de pão seco e água.
Quão grande a alegria quando, no nono dia, o ferrolho foi corrido e a porta aberta.
O acontecimento, porém, não durou muito.
Ao sair da cela horrível, que sentimento apoderou-se dele ao ver 300 prisioneiros
alinhados e 350 homens da SS, Schutzstafel, guarda de elite dos nazistas,
armados, junto ao portão! O comandante, de pé no meio do pátio, chamou-o pelo
nome. Puseram-no sobre a mesa de tortura. Amarraram-no fortemente de pés e
mãos, e a ordem do comandante teve de ser cumprida. [224]
Dois homens da SS, brandindo chicotes de açoitar cavalo, golpearam-no 15 vezes
nas nádegas e nas costas até deixá-lo quase sem vida. Enquanto se contorcia de
indescritível dor, eles o lançaram novamente na cela horrível. Sozinho, sem apoio
humano, permaneceu ali sobre o pavimento frio de pedra. Nenhuma palavra de
conforto lhe foi dita. Os homens da SS lhe entregaram uma corda com o lembrete
de que jamais sairia vivo daquela masmorra. Permaneceu na cela escura por 21
dias.
O sofrimento parecia haver acabado. Assim pensava. Estava livre de novo. À
distância, contemplava a estação ferroviária. Seria sonho? Beliscava a mão e o
rosto para se certificar de que não estava dormindo. Não, não era sonho. Era
realidade. Às 2 horas da madrugada chegou a casa. Reunião de família! Que
alegria!
Triste é dizer, a alegria não durou. O laço de família mais uma vez foi quebrado. No
dia 2 de novembro de 1938, o irmão Seelbach teve de apresentar-se novamente
para cumprir exigência governamental contrária à sua convicção. Havia apenas uma
coisa a fazer: permanecer leal a Deus, custasse o que custasse.
Em 24 de outubro ele deu adeus a tudo quanto lhe era mais querido.
Ah! quão difícil foi, conforme conta, especialmente quando apertou a mão trémula
do pai e da mãe pela última vez. Viu seus lábios se moverem e, embora não tenha
ouvido nenhum som, compreendeu o que desejavam dizer. Uma vez mais acenou à
distância para o lar. Quando o veria de novo? pensou.
Obscuro e incerto era o futuro. Após longa jornada, chegou à fronteira de
Luxemburgo. À frente estava o rio Sauer. Às llh30m da noite pôs os pés na água
gelada. As rochas eram muito escorregadias.
A corrente era tão forte que sentiu não seria capaz de suster-se. A bagagem que
levava ficou encharcada, mas ele sentiu-se feliz em poder alcançar a outra
margem. Em seguida, agradeceu ao Pai celestial, que o havia ajudado a cruzar a
fronteira para Luxemburgo.
No dia seguinte passou, outra vez ilegalmente, para a fronteira da França. Que
sensação de temor lhe sobreveio quando viu um oficial da polícia dirigindo-se para
ele. Clamou a Deus por auxílio. E que sucedeu? O policial virou-se e seguiu para
outra direção.
Na França o irmão Seelbach experimentou realmente a promessa de Mateus 19:29:
"E todo o que tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe ... por amor
do Meu nome, receberá cem vezes tanto, e herdará a vida eterna." Sim, ali foi
recebido de maneira tão cordial que não conseguia ser grato a Deus o tanto quanto
a alma pedia. [225]
O Diabo, porém, não queria que gozasse paz e alegria. Onde quer que se
estabelecesse, alguém o delatava. Mas o Senhor o ajudava de tal maneira que,
poucas horas antes de a polícia chegar, ele estava num lugar diferente.
Finalmente, foi obrigado a deixar a França e fugir para a Holanda, em maio de
1939, passando por Luxemburgo e Bélgica. Em 29 de dezembro de 1939, todos os
refugiados alemães, e também o irmão Seelbach, foram confinados num campo de
concentração.
Em 14 de maio de 1940, passaram momentos terríveis quando os alemães se
apoderaram desse campo com 350 judeus e 25 desertores. Imediatamente os
desertores foram fuzilados. O irmão Seelbach também foi condenado à morte. Mas
um milagre aconteceu. O Deus onipotente possibilitou-lhe a fuga.
Depois de escapar do campo de Hoek, na Holanda, em 18 de maio de 1940, ficou
escondido em casas de irmãos da fé. Entretanto, o Diabo, não estava contente.
Novamente uma traição. Enviaram um bilhete anónimo à polícia. Outra vez
Seelbach foi caçado como fera. Assim continuou mês após mês, muitas vezes
obrigado a esconder-se por dias e noites em florestas e cavernas sob frio rigoroso.
Quando as tropas inglesas lutavam para libertar a Bélgica em setembro de 1944, a
tempestade desencadeou mais violentamente sobre a Holanda. Por toda parte os
homens da SS rastreavam a região à procura de vítimas para abater.
A fim de não cair nas mãos desses algozes, no derradeiro minuto, através da linha
de fogo, nosso irmão escapou para a Bélgica em 14 de setembro de 1944. Então,
contra sua expectativa, foi detido pelos ingleses. Mas o Senhor o confortou com
João 13:7: "O que Eu faço, tu não o sabes agora; mas depois o entenderás."
Embora a princípio ficasse triste, depois de todas essas lutas, alegrou-se, pois lhe
foi permitido ser testemunha de Cristo. Com frequência conseguia proclamar a
mensagem de Deus para estes últimos dias para 300 ou 400 homens.
Certa vez o auditório chegou a mais de mil pessoas quando falou sobre o tema
"Que nos trará o futuro?" Muitos, chorando, levantaram as mãos, prometendo a
Deus aceitar a verdade. Três começaram a guardar o Sábado quando nosso irmão
ainda se encontrava ali.
No campo de internamento, o irmão Seelbach encontrou também um conhecido
ministro da denominação Adventista, que, sendo soldado de Hitler, ali estava como
prisioneiro de guerra. Ele cria na vitória final do "Fiihrer", mas então decepcionado,
tinha vergonha de si mesmo. [226]
Após 15 meses de internamento, o irmão Seelbach foi convocado para uma
audiência. O Diabo insistia em trabalhar contra ele, pois o oficial encarregado, que
tinha autoridade para libertá-lo, não queria examinar as evidências de sua
inocência. Em vista da situação, a igreja começou a orar fervorosamente em favor
desse irmão.
Ele também passou uma noite inteira lutando com Deus em oração. Na manhã
seguinte, foi mais uma vez convocado para audiência. Cheio de fé, recorreu ao Pai
celestial e suplicou ajuda. Que aconteceu? Sem dizer palavra, libertaram-no. O
irmão Seelbach encerrou seu relato exclamando: "Bendito seja por toda a
eternidade o nome de Jesus de Nazaré!"
A Gestapo exigiu o endereço de todos os irmãos
Alfred Múnch
Certo dia, numa campanha de colportagem, o irmão Hans Fleschutz vendeu o livro
Auf Gottes Wegen (Nos Caminhos de Deus) a uma senhora idosa de Hassloch.
Quando soube que ele era adventista, perguntou se conhecia o irmão Míinch. O
colportor respondeu que conhecia a esposa e os filhos dele. Ela então quis saber
onde Miinch se encontrava. Fleschutz contou que o irmão Miinch houvera sido
mártir por sua fé num campo de concentração.
Ao ouvir isso, lágrimas surgiram-lhe nos olhos. Trinta anos antes o irmão Miinch
ministrara uma série de estudos bíblicos àquela senhora. Enquanto o irmão
Fleschutz descia a rua, continuou pensando no irmão Miinch, que muitos anos antes
trabalhara naquela mesma rua, visitando casa após casa, e agradeceu a Deus
porque tinha dado a esse querido irmão força para perseverar até a morte.
Transcrevemos a seguir uma carta da irmã Miinch, de 4 de outubro de 1964,
relatando o que ela e o marido sofreram sob o regime totalitário:
Meus prezados irmãos e irmãs no Senhor!
Paz seja com todos!
Passo a relatar minha experiência aos amados crentes que travaram o combate de
boa consciência, na Alemanha, durante o regime de Hitler. Em primeiro lugar, dou
honras e louvores a Deus, que tão maravilhosamente nos sustentou em todos os
dias dessa ardente provação.
Certamente, os irmãos ouviram muitas experiências sobre nossos irmãos
encarcerados durante as duas guerras mundiais, mas desejo agora falar das
experiências pelas quais nós, irmãs, tivemos de passar. Era comum, no passado,
pensar que, sendo [227] mulheres, não iríamos tão facilmente para a prisão. Eis
porque o golpe nos foi duplamente severo. Tornou-se mais severo ainda quando,
em momento crítico, irmãos apostataram e, ao renunciarem a fé, tornaram nossa
carga bem mais pesada.
Em nossa vila havia uma mulher interessada na verdade, que nos visitava com
frequência, cujo marido era membro da SA (Sturmabteilung ). Ele ficou tão furioso
com essa visitação que denunciou o caso ao partido. Meu marido logo foi preso e
levado embora, enquanto meus filhos, que tinham então dez e cinco anos, ficaram
chorando de maneira tão sentida que quase partiu o meu coração. Durante quase
duas semanas mal pudemos comer. A Gestapo mandou que eu fornecesse os
endereços de todos os irmãos.
Como eu me recusasse a colaborar, deixaram-me este recado:
"Ficaremos com seu marido até que nos forneça os endereços."
Isso aconteceu em novembro de 1936. Em 19 de abril de 1937, fomos julgados no
tribunal especial em Mannheim. Éramos 15. Todos fomos condenados. O líder de
nossa igreja e meu marido receberam a pena mais longa: sete meses. ...
Nosso castigo foi a cela solitária. A guarda do Sábado e o alimento servido na
prisão causaram nova luta. Não tendo trabalhado nove Sábados durante os dois
meses que ali passou, meu marido ficou 26 dias em confinamento. Recebeu apenas
pão e água e foi deixado numa cela mais escura com apenas um banco de madeira
para dormir.
Para as irmãs, eles abrandaram as circunstâncias. Por eu não trabalhar no Sábado,
recebi dois dias de confinamento numa cela mais escura. Tiraram de mim o avental,
sapatos, grampo de cabelo, etc. Queriam, assim, evitar possíveis tentativas de
suicídio. Isso foi no Sábado e no domingo.
Agora, meus queridos irmãos e irmãs, como pensam que eu me sentia?
Maravilhosamente bem! A gente se acostuma a tudo. Como não fosse permitido
cantar em voz alta, eu cantava baixinho: "Tenho paz em meu coração, e isso me
faz feliz", e outro cântico: "Rompendo laços com todas as coisas terrenas e
enchendo-me das coisas eternas, encontro aqui a bendita paz que satisfaz o anseio
da alma."
As lutas por que passei, apesar de cruéis e severas, foram maravilhosas. Era difícil
resistir o poder das autoridades. Porém, por nada eu perderia essas experiências.
Quando fui presa pela primeira vez, a supervisora xingou-me terrivelmente ao
descobrir que eu pertencia aos adventistas. Disse-me que no Sábado havia trabalho
a fazer, e que eu tinha de obedecer ou nunca mais voltaria para casa. Fiquei tão
deprimida que palidez mortal tomou conta de mim. Fui dominada pelas lágrimas.
Então [228] ela disse: "Mais duas de vocês estão aqui, e são as melhores pessoas
da prisão". Então o Sol voltou a brilhar e meu coração se alegrou.
Permaneci decidida, dizendo calmamente para mim: Eu também pertenço a esses
crentes. Ela não me verá desistir do Sábado.
Semanas depois, diante da minha firmeza, a supervisora disse:
— Vocês são verdadeiros comunistas!
Respondi:
— Senhorita Bóhler, desde quando os comunistas crêem em Deus?
Saiu sem responder. Desde então, nem ela nem mais ninguém me perturbou. Só
aos Sábados vinha para me tirar da cela. Terminando a minha pena, embora em
circunstâncias difíceis, sob vigilância policial, meu marido e eu pudemos estar
juntos outra vez.
A luta recomeçou quando, no início de 1939, ele recebeu convocação para o serviço
militar. Embora tenha recebido seis ordens para comparecer, ele as ignorou. Em
março de 1940 foi preso novamente. A alegação foi: não respondia à saudação
nazista. Depois de passar dois meses na prisão aguardando julgamento, foi levado
ao campo de concentração de Dachau. Suportou tudo heroicamente.
Às vezes escrevia para mim, e eu podia ler nas entrelinhas qual era o seu estado.
Se escrevia, por exemplo, "espero que passe logo a severidade do inverno", eu
sabia o que essas palavras queriam dizer.
De Dachau ele foi transferido para o campo de concentração de Neuengamme,
perto de Hamburgo. Dali escreveu cartas cheias de alegria no Senhor, pois sempre
esperava reencontrar seus entes queridos.
Em toda carta a principal preocupação era com os filhos. Recebi a última
correspondência dele no fim de fevereiro de 1945, pouco antes de os norte-
americanos marcharem contra Mannheim. Nossa esperança e a dele, de estarmos
juntos, acabou quando não vieram as notícias que esperávamos.
Nunca recebi informe oficial. Em 1948 fiquei sabendo, por meio de um homem que
supostamente estivera com ele até o fim, que morrera de inanição. A eternidade
revelará.
Que o Senhor me dê forças para suportar até o fim e então experimentar a bendita
promessa de 1 Tessalonicenses 4:16-18. ...
Saúdo a todos cordialmente como co-peregrina em demanda de Sião. Irmã A.
Múnch, Mannheim. —And Follow Their Faith, págs. 34-36.
A irmã Múnch, que dormiu no Senhor em novembro de 1965, escreveu em sua
última carta: "Deponho tudo nas mãos do grande Médico. O caminho no qual Ele
nos conduz é bom. Agradeço a Ele somente, pois me tem conduzido
maravilhosamente e tem cuidado de mim. Estou certa de que Ele continuará a fazer
isso até o fim de [229] minha vida. Que Deus vos abençoe! Esse é o desejo de vossa
sempre agradecida irmã Muench, que vos ama." (Adaptado do livro And Follow
Their Faith, pág. 37).
Rapaz de 16 anos recusa-se a portar armas
Leander Zrenner
Do Noticiário Vespertino de Munique, de 25 de abril de 1955:
"Dezesseis anos atrás o pai de Zrenner foi executado como objetor de consciência.
O filho também jamais pegará em arma de fogo!
" 'Causa da morte: Execução'. É o que está escrito no atestado de óbito do pai, que
o objetor de consciência de 19 anos de idade, Werner Zrenner, recebeu. No verão
de 1941, um tribunal militar condenou o pai à morte por sua recusa em prestar
serviço militar. Em 9 de agosto, o assistente e soldado Leander Zrenner caiu diante
de uma rajada de balas em Brandenburg/Havel. O homem, profundamente
religioso, pagou com a vida sua convicção contrária ao serviço militar. Adventista
devoto, declarou que nunca apontaria armas contra alguém.
"Ontem, 24 de abril de 1955, dezesseis anos depois, o filho de Zrenner compareceu
à Comissão Examinadora dos Objetores de Consciência no Departamento de
Serviço Seletivo, Munique 1. A exemplo do pai, ele também se recusou a portar
armas. Jamais será obrigado a fazer isso. A Comissão o declarou objetor de
consciência. 'A vida humana é intocável; portanto não posso conscientemente
matar pessoas inocentes', declarou Werner Zrenner diante dos membros da
Comissão Examinadora. 'É provável que eu tenha de suportar as consequências que
meu pai sofreu 16 anos antes.'
"Além da mãe, três pessoas testemunharam em favor do jovem. Declararam com
unanimidade que Zrenner, antes de entrar em vigor o alistamento geral, se
expressara contra o porte de armas. O presidente da Comissão Examinadora,
advogado Friedl Fertig, disse ontem: 'A morte violenta do pai foi a razão das
conclusões do rapaz acerca dos prós e contras do dever militar.' Os membros da
Comissão reconheceram a opinião de Zrenner baseada em suas convicções de
consciência." — And Follow Their Faith, págs. 37 e 38.
Como a liberdade religiosa, o mais importante de todos os direitos humanos, foi
instituída na Alemanha Ocidental após o fim da Segunda Guerra Mundial, Werner
não teve a mesma condenação do pai.
Viúva morre após torturas em Auschwitz
Maria Maritschnig
Viúva de um alfaiate. Morto o marido, a oficina passou a ser administrada pelo
irmão Ranacher. No lar da irmã Maritschnig, esse [230] irmão conheceu a verdade
pregada pela Reforma, a qual aceitou de todo o coração. Sob instigação dos
parentes dele, as autoridades acusaram a irmã Maritschnig de o ter induzido a
aceitar a fé. Ela foi levada ao tribunal. Durante o julgamento, foi tratada com tanta
aspereza que desmaiou e teve de ser carregada para fora da sala. Certos de que
ela tivesse sido levada para o hospital, os crentes foram para lá. Equivocaram-se.
Chegou a notícia de que havia sido transferida para Munique. Depois de torturas
cruéis, foi levada para o infame campo de concentração de Auschwitz, onde faleceu.
(Adaptado do livro And Follow Their Faith, págs. 38 e 39).
Muitos outros mártires
Dr. Alfred Zeyhs
Esse irmão foi lançado na prisão e, espancado, teve graves hematomas. Recusou-
se a violar a Lei de Deus. Por permanecer inflexível em sua posição, foi transferido
para o campo de concentração de Sachsenhausen, onde depôs a vida em 1940. A
esposa e três filhos sobreviveram. (Adaptado do livro And Follow Their Faith, pág.
33, e de um artigo publicado na revista Der Adventruf, dezembro de 1946).
Willi Thaumann
O irmão Thaumann conheceu a verdade através da colportagem. Tinha uma loja de
ferragens. Caráter puro e sincero, vivia à altura da verdade, sem fazer concessões.
Vendo que era seu dever confessar a fé publicamente, apesar das bem-
intencionadas advertências de um amigo policial, continuou fechando o comércio
aos Sábados. Na porta da loja, havia uma tabuleta com o mandamento do Sábado.
Por sua fidelidade ao quarto e sexto mandamentos, foi levado ao campo de
concentração de Oranienburg, onde foi martirizado em 1941. (Adaptado do livro
And Follow Their Faith, pág. 33).
Três irmãs russas
Entre os operários que foram levados à força da Rússia para a Alemanha durante a
Segunda Guerra Mundial, havia três jovens russas que se demonstraram heroínas
da fé ao serem provadas com respeito ao quarto mandamento. "Faremos em cinco
dias o trabalho que nos foi incumbido", disseram ao oficial do campo. Realmente
fizeram mais que isso. Ninguém era tão elogiado pela diligência no trabalho como
aquele pequeno grupo de crentes. Satanás, porém, não estava satisfeito. Naqueles
dias o lema era: "Trabalhar! Trabalhar! Trabalhar! Na guerra, temos de vencer." [23i]
Os trabalhadores gritavam cheios de inveja: "Se essa gente pode ter dois dias
livres, nós também exigimos os mesmos privilégios." Eles se referiam ao Sábado e
domingo.
Grave crise pessoal era iminente para aquelas irmãs.
O capataz tentou apaziguar os ânimos, dizendo que elas realizavam trabalho
melhor, completando as tarefas de seis dias em cinco.
— Nós também podemos fazer isso, gritaram.
Então o capataz dirigiu-se ao pequeno grupo de crentes:
— Estão vendo? Não posso fazer nada. Vocês terão de trabalhar aos Sábados
também. Caso contrário, fuzilamento! Estamos em guerra, e atitude como a de
vocês, é considerada sabotagem contra a nação.
Nuvens de ansiedade pairaram sobre aquelas irmãs fiéis. No Sábado seguinte o
capataz ficou furioso ao surpreendê-las num estudo bíblico. Disse-lhes:
— Vocês sabem quanto as aprecio. Se dependesse de mim, seriam dispensadas no
Sábado. Estimo o bom trabalho que fazem, mas vejam o tumulto entre os
trabalhadores. Além disso, a impressão é de que eu protejo os judeus. Peço-lhes o
favor de trabalhar.
A resposta foi:
— Não podemos pôr os mandamentos de Deus abaixo dos preceitos dos homens.
Se nosso Salvador quer que morramos, estamos prontas. Ele morreu primeiro por
nós.
Como não cedessem, foram castigadas. Depois tornaram a perguntar se ainda
continuavam com a mesma opinião. Recusando-se a mudar de conduta, declararam
firmemente que preferiam morrer a ser separadas de Cristo. Seguiu-se uma cena
da Idade das Trevas: foram açoitadas impiedosamente nas costas nuas até sangrar.
Quando voltaram para a cela, uma lavou as feridas da outra e louvaram a Deus que
as julgou dignas de sofrerem pelo nome de Jesus.
Depois de outra semana de trabalho, nova provação, maior que a anterior. O
capataz encontrou-as novamente lendo a Bíblia, conforme seu costume.
— Hoje é a última oportunidade para vocês. Não acreditam que serão fuziladas?
— Sim, sabemos. É o que prevemos. Porém, nada temos a perder deixando este
mundo. Além disso, nossa consciência diz que não merecemos ser maltratadas.
As três foram alinhadas diante da metralhadora. O major começou a contagem
regressiva. Vendo que as irmãs continuavam inflexíveis, sem vacilação, o major fez
alto e disse: "Deixem que guardem o Sábado. Jamais vi coisa semelhante. "[232]
Depois disso, sempre que aquele homem tinha oportunidade, e não era vigiado,
vinha ao culto sabático e ficava alguns instantes com as irmãs crentes. Além disso,
com frequência lhes trazia alimento extra. Elas disseram que não tinham
sentimento de ódio nem vingança contra aquele homem. Ao contrário, chamaram-
Ihe a atenção para o amor de Deus e Suas obras maravilhosas, o plano da salvação,
e a tríplice mensagem de Apocalipse 14. Só Deus sabe o que aconteceu a ele
depois disso.
Muitos outros
Além desses mártires, houve muitos outros, durante a Segunda Guerra Mundial,
que sofreram injustiça, perseguição e morte. Ernst Kórner foi torturado até a morte
no campo de concentração de Sachsenhausen em 1944. Robert Freier foi
martirizado num campo de concentração em 1940. Certo irmão Hermann foi
declarado morto na prisão de Breslau (1941?). Josef Blasi foi torturado até a morte
no campo de concentração de Mauthausen em 1943. O irmão Ranacher foi
sentenciado à morte por um tribunal militar durante a guerra. Esses também
pertencem à longa lista dos heróis da fé.
Uma reportagem publicada no Vólkischer Beobachter (Observador Popular), Áustria,
deu informações adicionais sobre a perseguição cruel a que nossos irmãos foram
submetidos. Diz o informe:
"Distrito de Kaernten,
"Klagenfurt, 20 de agosto de 1943
"Dez Anos Para Refletir na Penitenciária
"Adventistas no Serviço dos Oponentes
"Relatos Pessoais do Observador Popular
"Foram acusados perante no tribunal especial de Klagenfurt [Josef] Blasi, de 48
anos, e Maria Krall, de 48, ambos de St. Donat. Matthias Weratschik, de 37 anos, e
a esposa Maria, de 28 anos, de Tiemenitz. Sob a influência da loucura adventista,
os quatro recusaram-se a portar armas, citando textos da Bíblia na tentativa de
levar à resistência compatriotas alistados. ... Esses queriam deixar a defesa da
pátria ao cuidado do Senhor Deus. Para evitar piores calamidades, tais elementos
transviados devem ao menos, durante a guerra, ser mantidos onde não possam
causar dano. O tribunal especial os declarou culpados. Josef Blasi foi sentenciado a
dez anos de prisão. Os outros três foram condenados apenas pelo crime de terem
incorrido no parágrafo terceiro da Lei de Proteção das Defesas do Povo Alemão,
porque se opuseram à lei mediante atitude [233] e antimilitarista. Assim, Maria
Krall foi condenada a cinco anos. Matthias e Maria Weratschik foram condenados a
dois anos na penitenciária." (Citado do livro And Follow Their Faith, pág. 52). --
Copiado do livro A História dos Adventistas do Sétimo Dia — Movimento de
Reforma, págs. 220-233.
Histórias que Ninguém Contou
nos Encontros J.A.
Mártires do Século XX
Conheça a História de Heróis
Adventistas Modernos
O relato é do livro O Adventismo e a Reforma Profetizada, do irmão Alfons
Balbach, que integra o Movimento de Reforma:
O Senhor sempre deu a primeira oportunidade aos líderes, mas é lamentável dizer
que, quando surgiu a crise perante a igreja em 1914, encontrou-os despreparados.
A grande maioria dos membros na Europa foi incapaz de enxergar que seus líderes,
levando os membros a participar dos combates na Guerra, estavam conduzindo a
igreja a uma direção errada.
Durante essa ardente prova, a liderança dos ASD expediu declarações instruindo os
irmãos a tomarem parte nos combates. Esses escritos trouxeram muita confusão
nas igrejas. Milhares de adventistas do sétimo dia na Europa foram lançados em
grande sofrimento e perplexidade, os quais, para evitar a perseguição e possível
morte, consentiram em renunciar à guarda do Sábado para portar armas e agir
como outros patriotas agiam. A grande maioria procedeu em conformidade com as
decisões de seus líderes.
Foi somente uma pequena minoria de objetores de consciência (não-combatentes)
que tiveram fé e coragem necessárias para defender a verdade e a justiça. Não
eram desordeiros; eram adventistas sinceros que permaneceram em defesa da Lei
de Deus num tempo de crise, em que a igreja vacilava entre a lealdade e a
transigência. Seu ponto de vista, porém, conflitava com a decisão dos líderes, cujo
desejo era que a igreja não perdesse o favor do governo. Por isso os poucos que se
mantiveram fiéis às suas convicções foram excluídos da comunhão da igreja. A
perseguição e a tribulação que se seguiram em resultado dessa atitude faz parte da
história denominacional. Na crise desencadeada pela Primeira Guerra Mundial, Deus
tinha Suas fiéis testemunhas em cada país, como veremos nas páginas a seguir.
Desde o início da guerra, a Conferência Geral estava a par das dificuldades
enfrentadas pela igreja na Europa. As contendas e divisões surgidas nas fileiras
adventistas não foram ocultadas aos irmãos da sede. Por isso, em fins de 1916,
William A. Spicer, secretário da Conferência Geral, foi enviado à Europa a fim de
obter informações de primeira mão sobre o problema e, se possível, encontrar uma
solução. Se ele tivesse entrado em contato com a minoria excluída e ouvido
também a sua versão da história, poderia ter levado para Washington, D. C, um
quadro equilibrado da situação. Satisfez-se, porém, apenas com relatórios parciais
que lhe foram apresentados pelos líderes europeus (principalmente por L. R.
Conradi), responsáveis pelo problema e diretamente envolvidos na dificuldade.
Assim, a visita do pastor Spicer, em vez de servir para resolver ou minimizar a
questão, serviu apenas para agravá-la.
Milhares de adventistas encheram-se de consternação e começaram a protestar
quando leram a Circular de 2 de agosto de 1914, assinada pelo pastor G. Dail,
secretário da Divisão Europeia, e que continha as seguintes instruções:
"Devemos cumprir de bom grado nossos deveres militares enquanto estivermos
servindo o exército ou quando formos chamados a servir, para que os oficiais
encarregados encontrem em nós bravos e fiéis soldados, dispostos a morrer por
seus lares, por nosso exército e por nossa Pátria."
Para agravar a aflição desses adventistas não-combatentes, o compromisso da
liderança, de acordo com a declaração submetida pela União da Alemanha Oriental
ao Ministério da Guerra (4 de agosto de 1914), assinada pelo presidente da União,
H. F. Schuberth, foi providencialmente trazido ao conhecimento deles poucos dias
depois. Dizia essa declaração:
"Comprometemo-nos a defender a pátria e, nessas circunstâncias, também
portaremos armas no Sábado."
Outra coisa que chocou esses poucos fiéis foi a publicação do livreto Der Christ und
der Krieg (O Cristão e a Guerra) em 1916. Na página 18, três dos principais líderes
adventistas da Alemanha fizeram a seguinte declaração:
"Em tudo quanto dissemos, mostramos que a Bíblia ensina: primeiro, que tomar
parte na guerra não é transgressão do sexto mandamento; segundo, que fazer
serviço militar no Sábado não é transgressão do quarto mandamento."
Ninguém pode negar que ocorreu uma mudança fundamental na posição
doutrinária da Igreja Adventista na Alemanha e que essa mudança afetou a Lei de
Deus diretamente. Uma crise, seguida de separação, foi a consequência inevitável.
Mesmo os de fora comentaram sobre esse acontecimento. Um ministro luterano
escreveu:
"A Guerra Mundial acarretou grande crise ao adventismo alemão. O Koelnische
Zeitung {Jornal de Colónia), de 21 de setembro de 1915, escreve: 'Depois do início
da guerra ocorreu um cisma entre os seguidores do adventismo. A maioria queria
que seus ensinos fundamentais ficassem invalidados durante o tempo da guerra. A
outra parte, ao contrário, desejava a santificação do Sábado mesmo durante esse
tempo difícil. Essas diferenças de opinião resultaram finalmente na exclusão dos
seguidores da antiga fé da igreja.' Acima de tudo foi essa posição para com o
serviço militar em geral que causou essa divisão.
"Já em 4 de agosto de 1914, a grande maioria dos adventistas alemães havia
declarado num comunicado extremamente subserviente ao Ministério da Guerra em
Berlim: 'Neste atual e solene tempo de guerra, consideramo-nos compelidos por
uma questão de dever a permanecer em defesa da Pátria, bem como, sob estas r
circunstâncias, a portar armas no Sábado.' Declaração semelhante foi enviada ao U.
escritório do general comandante da sétima região militar em 5 de março de 1915.
Assinavam essa declaração L. R. Conradi, presidente da Divisão Europeia dos
Adventistas, e P. Drinhaus, presidente da Associação Saxónica.
"Adotou-se, portanto, uma posição oficial contrária aos ensinos pacifistas adotados
pela Associação Americana [dos adventistas]. Por essa razão, parte dos adventistas
alemães opuseram-se a essa resolução oficial. Essa discordância resultou em
amargo conflito. Os adventistas que eram favoráveis à participação na guerra e que
se haviam tornado desleais aos princípios originais, voltaram-se de modo
impetuoso contra os seguidores dos antigos ensinos.
"Num artigo publicado no Dresdener Neueste Nachhchten (As Últimas Notícias de
Dresden), 12 de abril de 1918, eles chamam essas pessoas de 'elementos
irrazoáveis' com 'ideias tolas', chegando a dizer as seguintes palavras indelicadas:
'Consideraríamos na realidade um favor feito a nós se tais elementos recebessem o
destino que merecem.' No mesmo artigo, em exaltação a seus próprios méritos,
narram detalhadamente seus feitos pela Pátria. Achamos que essa contenda é algo
extremamente desagradável. Por outro lado, os seguidores dos ensinos primitivos,
num número especial de seu periódico, Waechter der Wahrheit {Sentinela da
Verdade), narram a grosseria sofrida da parte de seus irmãos hostis." Dr. Konrad
Algermissen, Die Adventisten (Os Adventistas), págs. 22-24 (livreto publicado em
1928).
Um panfleto publicado pela Igreja Adventista na Alemanha tentou explicar nos
seguintes termos a crise que acometeu o povo adventista durante a Primeira
Guerra Mundial:
"Como filhos do Pai celestial, eles [os adventistas] cultivam a paz entre si e com os
seus semelhantes em todo o mundo. Ao mesmo tempo, buscam, nesta época
solene, manter os princípios que o Senhor da cristandade deu aos que são a luz e o
sal da Terra. Onde existe recrutamento geral, eles [os adventistas] têm sempre
estado prontos, como denominação, a cumprir seus deveres tanto em tempos de
paz como em tempos de guerra, a exemplo de todos os outros cidadãos leais. Na
observância do sétimo dia semanal, que é sua característica peculiar, desejam
apenas ter os mesmos direitos outorgados a outros religiosos com respeito a seu
dia de repouso.
"Ao eclodir a guerra, a denominação agiu firmemente de acordo com a lei do
recrutamento, conforme seus membros tinham feito em tempos de paz.
Desejavam, se possível, os privilégios que podiam ser concedidos a outros sob as
mesmas circunstâncias. Milhares de seus membros estão no exército. Muitos deles
tombaram no campo da honra na Europa e alguns nas colónias, ao passo que
muitos outros receberam condecorações ou foram promovidos. Além disso, no início
da guerra, muitos de seus membros, tanto homens como mulheres, trabalharam
voluntariamente prestando serviços em ambulâncias, e a denominação colocou sem
hesitar suas espaçosas instalações da missão à disposição da Cruz Vermelha.
"No decurso da guerra, contudo, houve lamentavelmente alguns membros que
deixaram de confessar abertamente às autoridades suas próprias dúvidas pessoais
de consciência, e preferiram afastar-se secretamente de seus deveres e ficar
perambulando de lugar em lugar induzindo outros, pela palavra falada ou escrita, a
adotar o mesmo procedimento. Quando a denominação os chamou a prestar contas
pela sua conduta, acusaram os líderes de estar em apostasia. Portanto, eles
tiveram de ser excluídos da comunhão, não por causa de suas convicções pessoais,
mas devido à sua atitude anticristã e por se haverem tornado uma ameaça tanto à
paz interna como à externa." —Zur Aufklaerung {Esclarecimento) , págs. 2 e 3.
Numa carta circular intitulada The European Situation {A Situação Europeia), o
pastor C. H. Watson deu a seguinte explicação:
"Houve na Alemanha, e nesses outros países em questão, uma minoria de nossos
crentes que se recusaram a seguir a liderança de Conradi e outros a participar na
guerra como combatentes.
"Esses foram submetidos a muito sofrimento nas mãos de seus governos devido à
posição que defendiam.
"Na Alemanha, os que se posicionaram contrariamente à ímpia ação de Conradi em
submetê-los à guerra foram tratados com grande rudeza por ele e seus aliados. A
resistência da minoria ao serviço militar ameaçava comprometer todo o corpo de
adventistas aos olhos do governo alemão, e, para evitar isso, Conradi mandou que
excluirá minoria da igreja.
"Assim a minoria não-combatente daquele país foi posta fora da igreja, e essa
separação continuou através dos anos da guerra.
"Quando esse estado de coisas se tornou conhecido dos líderes da Conferência
Geral, eles ficaram profundamente preocupados e enviaram W. A. Spicer à
Alemanha num tempo em que era extremamente grave o perigo do submarino
alemão. O irmão Spicer colocou em perigo sua própria vida a fim de obter
informações de primeira mão sobre aquela situação.
"O resultado dessa visita foi que a Conferência Geral obteve informações diretas
acerca:
a. do erro cometido contra essa minoria de crentes,
b. da divisão e rivalidade resultantes entre nossos membros alemães,
c. do desenvolvimento de amargura em ambos os grupos, e especialmente nos que
foram injustiçados pelo procedimento de Conradi,
d. dos pontos de vista extremos a que esses grupos estavam impelindo uns aos
outros com as suas diferenças."
Enquanto Conradi foi líder da denominação ASD, os representantes da Conferência
Geral encobriram seus defeitos e o defenderam. Depois que ele deixou a Igreja
Adventista, alguns líderes começaram a admitir o que deveriam ter admitido no
início das dificuldades (1914-1920).
O reconhecimento do pastor Watson, contudo, é uma raríssima exceção. Ignorando
os aspectos fundamentais do problema como um todo, as publicações adventistas
que tratam dessa grande crise geralmente fogem do assunto. Um desses aspectos
é que a minoria fiel foi excluída — fato que é normalmente ocultado.
Outra rara admissão da responsabilidade da igreja no tratamento dispensado aos
objetores de consciência, encontra-se num livreto publicado pela Southern
Publishing Association (Associação Publicadora do Sul), Nashville, Tennessee:
"Na verdade o movimento 'de reforma' ... nasceu na Alemanha durante a Guerra
Mundial, enquanto [L. R.] Conradi era o líder da denominação Adventista do Sétimo
Dia em toda a Europa. Aquele movimento, como é hoje e como tem sido desde que
veio à existência, é praticamente a expressão de um protesto de grande número de
adventistas do sétimo dia, não contra os ensinos da denominação, mas contra a
ações arbitrárias de um homem, Conradi, e de alguns outros que estavam unidos a
ele em sua liderança da igreja na Europa — ações que praticou sem consulta,
permissão ou mesmo conhecimento da Conferência Geral. A saída desses crentes
não proveio de uma 'batelada de erros grosseiros e de uma hierarquia dominadora',
mas da liderança de Conradi que, sem ouvir-lhes a voz ou receber deles permissão,
mandou que fossem submetidos ao canhão e à baioneta no campo de batalha.
Desde a hora em que ele tão sordidamente as traiu, perderam completamente a fé
que tinham nele como homem, como ministro ou líder da igreja de Deus." — Walter
H. Brown, Brown Desmascara Ballenger, pág. 30.
É verdade que Conradi e outros líderes da Europa traíram a confiança dessas
"vítimas infelizes", conforme o pastor Brown admite em sua defesa escrita contra
Ballenger. Mas o pastor Brown está grandemente equivocado ao dizer que Conradi
agiu "sem consulta, permissão ou conhecimento da Conferência Geral", pois as
evidências provam exatamente o contrário. Além disso, o pastor Brown não declara
os fatos corretamente quando diz que houve um "protesto" e uma "saída". Ele
deveria ter dito que houve um "protesto" e uma "exclusão".
Durante a Primeira Guerra Mundial, bem mais de dois mil não-combatentes foram
expulsos da Igreja Adventista na Alemanha. Juntamente com os objetores de
consciência de outros grupos religiosos, esses crentes fiéis foram submetidos à
mais dura prova que os cristãos já foram chamados a suportar. Visto que a
Alemanha não dispunha de uma provisão para acomodar esses heróis da fé, eles
tiveram que enfrentar o pelotão de fuzilamento ou suportar os horrores da prisão.
Durante uma assembleia realizada na Iugoslávia, em 1933, o irmão Otto Welp
apresentou o seguinte relatório, publicado por nossos irmãos iugoslavos:
"A sentença pronunciada contra os objetores de consciência era que, dentre os
homens qualificados para o exército, um de cada dez devia ser executado. Depois,
se os outros não cedessem, todo quinto homem seria morto, e finalmente cada
segundo." Só Deus sabe, e o dia do juízo revelará, quantos adventistas não-
combatentes foram realmente executados. Naquele tempo eles eram muitas vezes
desprezados como covardes que temiam ir para a frente de batalha, embora hoje
em dia sejam considerados heróis que se recusavam a tirar a vida humana e que
não temiam morrer por suas convicções. Os que sobreviveram ao fuzilamento
foram mantidos na prisão até o fim da guerra.
De igual modo, em outros países que tomaram parte na guerra, os adventistas fiéis
passaram por grandes dificuldades.
Quando surgiram as hostilidades na Europa, os líderes da União Romena da Igreja
ASD estimularam seus membros a tomar parte na guerra. Uma declaração
publicada em 4 de agosto de 1914 por P. P. Paulini e G. Danila, respectivamente
presidente e secretário da União, dizia:
"Os membros que foram convocados para prestar serviço militar não devem perder
de vista o fato de que, em tempo de guerra, todos devem cumprir plenamente seus
deveres. Em Josué 6, vemos que os filhos de Deus pegavam em armas e cumpriam
seus deveres militares mesmo no dia de Sábado. ... Portanto, em reunião especial
com nossos líderes, à qual compareceu grande número de crentes convocados para
portar armas, chegamos à conclusão de que todos os membros devem cooperar
com essa disposição."
A seguinte decisão foi posteriormente publicada num periódico denominacional da
Roménia:
"Nós, a Conferência dos Adventistas do Sétimo Dia na Roménia, tornamos público o
ponto de vista bíblico de que o serviço militar e o chamado para pegar em armas é
um dever imposto pelo Estado, a quem Deus deu legítima autoridade, de acordo
com 1 Pedro 2:13 e 14 e Romanos 13:4 e 5.
"A Comissão da Conferência Geral adotou essa mesma posição durante sua reunião
de novembro de 1915. Portanto, os diversos países do mundo têm plena liberdade
nessa questão para, a seu próprio modo, continuarem a enfrentar esses requisitos
legais conforme têm feito até agora." —Curierul Misionar, 1916, n° 3, pág. 35.
A posição de combatência adotada pela liderança adventista causou muita confusão
também na Roménia, onde os poucos fiéis que permaneceram em defesa da Lei de
Deus foram muito maltratados pelos líderes, sofrendo não apenas crítica e
difamação, mas também exclusão e perseguição. Delatados às autoridades, eles
foram separados uns dos outros, aprisionados e torturados (só Deus sabe quantos
morreram em tais circunstâncias), ao passo que os membros regulares, que
seguiam as recomendações dos líderes da igreja, não enfrentaram problemas,
porque estavam dispostos a fazer o que todos faziam. Os líderes explicaram a
posição oficial da igreja nos seguintes termos:
"Houve casos em que os irmãos da Alemanha perguntaram: 'Que devemos fazer
durante a guerra?' A resposta foi: 'Permanecei fiéis a Deus, mas fazei o que todos
estão fazendo.' E o que aconteceu? Nos lugares onde os soldados conseguiam
permissão para repousar no domingo e santificá-lo, nossos soldados se dirigiam a
seus comandantes com a petição: 'Solicitamos que nos dêem os Sábados livres.' ...
Mas onde nem se podia pensar em dias santos, teria sido uma atitude estranha da
parte de nossos irmãos pedir permissão para guardar o Sábado." —Curierul
Misionar, 1916, n° 3, pág. 37.
O que aconteceu em outros países europeus também ocorreu na Roménia. Alguns
não-combatentes distinguiram-se como heróis. Gheorghe Panaitescu relata as
seguintes experiências:
"Quando a Roménia entrou na guerra em 1916, três fiéis adventistas de um único
regimento foram condenados a ser executados por um pelotão de fuzilamento
porque se recusaram a servir como combatentes. Um deles foi chamado e ordenou-
se-lhe que cavasse sua própria sepultura. Depois, estando ele à borda da cova, o
comandante fez-lhe o seguinte apelo:
" 'Soldado, por causa de sua posição como objetor de consciência, você foi
condenado ao fuzilamento. Antes, porém, de morrer, você terá uns breves
momentos para meditar sobre o que vai fazer. Pense em sua família. Se você quiser
escapar ao fuzilamento, tome sua arma e vá para a frente de batalha. Nem todos
os soldados morrerão em combate. Muitos voltarão para seus lares e para o seio de
sua família. Considere essas coisas rapidamente.'
"Aquele irmão respondeu que havia muito tempo já pensara sobre isso e que
estava decidido a permanecer firme em sua posição, pois não podia agir
contrariamente à sua consciência. Quando o comandante percebeu a que aquele
irmão estava realmente decidido, disse-lhe:
" 'Siga-me!' E o conduziu para outro local.
"Ouviu-se um tiro disparado no ar, a cova foi enchida com terra e derramou-se um
pouco de sangue de animal nos arredores.
"A seguir o comandante convocou o segundo irmão e lhe fez o mesmo apelo,
acrescido desta advertência:
" 'Veja, seu irmão está morto e enterrado nesta primeira cova em virtude de sua
obstinação. Esta segunda cova está reservada para você, caso continue a mostrar a
mesma atitude inflexível.'
"O segundo homem respondeu:
" 'Se meu irmão permaneceu fiel a Cristo até a morte, eu também permanecerei fiel
Àquele que nos ensinou a amar uns aos outros, porque não quero perder a coroa
da vida.'
"Repetiu-se o mesmo procedimento. Outra vez disparou-se um tiro no ar, a cova foi
coberta e algumas gotas de sangue derramadas no solo.
"Quando o terceiro irmão foi chamado, o comandante apontou-lhe as duas covas e
lhe disse:
" 'Eis onde jazem os corpos de seus dois irmãos. Eles perderam a vida por causa de
sua obstinação. Mas você ainda tem uma chance para salvar sua vida. É fácil.
Apanhe sua arma e cumpra seus deveres militares para não ser fuzilado. Depois
que a guerra acabar, você poderá viver em paz e seguir, contente, a sua religião.'
"O terceiro homem começou a pensar. Durante algum tempo ficou hesitante.
Finalmente declarou-se pronto a portar armas, ir para a frente de batalha e fazer
tudo quanto os outros combatentes faziam. Então o comandante lhe disse:
"Devemos fuzilá-lo, porque você não é fiel a seu Deus como foram seus outros dois
irmãos. Você é um hipócrita e um covarde. Se não serve a seu Deus, não podemos
confiar em que servirá a nosso governo. Há de atirar no ar e, quando em perigo,
dará vantagem ao inimigo. Seus dois irmãos, que mantiveram seu propósito de
permanecer fiéis a Deus, sobreviveram; mas você será executado!
"Então ordenou que o pelotão de fuzilamento atirasse.
"Os dois sobreviventes, que não negaram sua fé, foram forçados a trabalhar
nos campos e, ao fim da guerra, voltaram para seus lares. Foi então que a
história toda se tornou conhecida entre os irmãos na Roménia."
Eis outro caso interessante, relatado pelo irmão Panaitescu. Por causa de suas
convicções religiosas, que não lhe permitiam ser combatente, um fiel irmão
adventista foi condenado à morte pela corte marcial. Virando-se de costas para sua
sepultura, pediu permissão para fazer sua última oração nesta Terra. Ajoelhando-
se, orou em voz alta implorando a Deus que fosse misericordioso para com seus
algozes e perdoasse a todos quantos fossem responsáveis pela pena de morte que
ia ser aplicada. Antes que ele concluísse sua oração, aconteceu que um oficial de
alta patente passava por ali e perguntou o que estava acontecendo:
"Quem deu ordens para atirar nesse homem? E por que motivo?"
Em poucas palavras, os soldados explicaram o problema: O homem seria executado
porque, sendo objetor de consciência, afirmava não poder quebrar a Lei de Deus;
portanto, não podia portar armas ou fazer qualquer trabalho secular aos Sábados.
"Este homem não deve morrer", replicou o oficial. "Ele irá comigo para a corte
marcial e eu o defenderei."
Em essência, o apelo que o oficial fez na corte, em defesa desse crente fiel, foi o
seguinte:
"Temos aqui um homem diante de nós. Um homem que é consciencioso no
cumprimento de seus deveres religiosos e que prefere morrer a quebrar os
mandamentos de Deus, é um grande homem. Este é o tipo de homens de que a
Roménia precisa, e nós não temos máquinas para fabricá-los em um só dia. Nem
todos os homens competentes vão à frente de batalha. Muitas coisas precisam ser
feitas em todo o país, longe da linha de fogo. Há homens que não nasceram para
matar — homens que possuem convicções religiosas — homens que podem ser
uma bênção para a humanidade em muitas outras ocupações. É para o melhor
interesse do país que não eliminemos tais homens, mas lhes preservemos a vida."
Em alguns casos, Deus foi honrado em livrar Seus servos fiéis de maneira
miraculosa; em outros casos Deus foi honrado em dar a Seus servos fiéis força e
resignação para sofrer o martírio. Qualquer que tenha sido o caminho escolhido por
Deus, Ele sabia o que estava fazendo. Que Seu nome seja honrado e glorificado!
Também na Rússia houve uma minoria de crentes adventistas que, por causa de
suas convicções religiosas, se recusaram a tomar parte na guerra. Lemos num livro
adventista:
"Algum tempo depois de iniciada a guerra, nossos líderes na Rússia souberam que
o governo havia condenado cerca de setenta de nossos irmãos a trabalhos
forçados, e acorrentados, durante o período de dois a dezesseis anos. Milhares de
jovens de outras denominações sofreram condenações semelhantes. Mas o olhar
amorável de Deus seguia esses cristãos sofredores. Ele via suas mãos algemadas, e
ouvia seus clamores de angústia. Por isso lhes trouxe livramento de modo
inesperado. Com a queda do velho regime, surgiu um novo e ... o novo governo
expediu decretos concedendo anistia aos não-combatentes e isentando-os de pegar
em armas." — Matilda Erickson Andross, Story of the Advent Message (A História
da Mensagem do Advento), págs. 173 e 174.
Além desses setenta, deve ter havido outros adventistas fiéis cuja fé e coragem
foram severamente provadas.
Um recém-convertido, cujo coração estava repleto do primeiro amor, mostrou
heroísmo entre outros heróis da fé. Depois de liberado da prisão, ele contou sua
história:
"Eu havia tentado explicar que era contra meus princípios religiosos portar armas,
mas que estava disposto a servir meu país com toda a minha capacidade em outra
situação. Entretanto, ninguém me deu ouvidos. Finalmente nossa companhia foi
convocada, e nos alinhamos diante de um grande depósito de armamento.
Recebemos ordens para apanharmos as armas de fogo. Havia uma para cada
soldado. Todos se inclinaram em obediência à ordem. Somente eu permaneci de pé
orando fervorosamente a fim de receber graça suficiente para aquele momento
crucial.
"O comandante logo perguntou:
" 'Você não entendeu a ordem?'
"Depois que respondi afirmativamente, ele perguntou outra vez:
" 'Bem... e não é necessário obedecer ordens?' E irritado: 'Que nova ideia é essa?'
"Todos os olhos se fixaram em mim. Eu achei que devia responder, mas antes que
eu começasse a falar, o oficial me deu ordens para apanhar a arma sem mais
comentários.
" 'Não posso', respondi.
"Ele rapidamente sacou da espada e, colocando-se em posição ofensiva, disse
furiosamente:
" 'Você conhece a lei.'
"Então, virando-se para o suboficial, disse:
" 'Vou matá-lo, pois devo ser obedecido.'
"Eu realmente esperava que num golpe fatal a espada do comandante me
degolasse, embora de algum modo não tivesse no momento nenhum medo. Aquela
espada erguida não me parecia nada mais que um pedaço de papel. Por alguns
instantes ele se manteve naquela posição. Então como se tivesse ouvido uma
ordem para embainhar a espada — não duvido que tenha sido uma ordem de
verdade de nosso Pai celestial — ele abaixou a espada e ordenou a alguns soldados
que me lançassem na prisão.
"Era fevereiro, e fazia muito frio. A prisão era um cárcere antigo e em ruínas.
Despojaram-me de tudo, exceto de minha Bíblia e de um velho e puído cobertor,
insuficiente para agasalhar-me completamente quando eu, deitado no gelado piso
de chão batido, era açoitado pelas rajadas de vento que atravessavam as muitas
frestas nas paredes. Apanhei um grave resfriado e comecei a tossir sangue. ... Fui
liberado sem maiores indagações.
"Cinco ou seis dias depois, todos os soldados foram despertados à noite em suas
barracas por um oficial. Esse trazia uma notificação de que eu devia comparecer
perante um tribunal e ser julgado. ... Sabendo que, de acordo com a lei, minha
sentença seria a morte ou prisão perpétua na Sibéria, senti que devia naquele
momento dar um testemunho de meu Mestre. Quase toda noite os rapazes me
pediam que eu lhes falasse. ...
"Certo dia apareceu um padre que queria, por todas as maneiras, dissuadir-me de
meus pontos de vista. Quando viu que seria inútil continuar insistindo, ficou
bastante zangado e, dirigindo-se aos soldados de minha tropa, disse-lhes:
" 'Filhos, não dêem ouvidos a este homem. Não falem com ele. Ele está leproso.'
"Isso, porém, só serviu para divertir os rapazes, que ficaram cada vez mais ávidos
de me ouvir falar. ...
"Finalmente, fui levado a julgamento. A acusação que pesava contra mim foi lida, a
saber, minha recusa em portar armas. ... Veio a sentença: 'Dezoito anos na Sibéria.
Os dois primeiros em pesadas correntes. Os oito seguintes em trabalhos forçados e
cerrado isolamento. Os oito restantes em serviço do governo.' Depois desses
dezoito anos eu poderia voltar, não para qualquer cidade, e deveria comparecer
perante alguma autoridade policial toda semana. ...
"Fui imediatamente algemado e levado à prisão, enquanto esperava ser enviado à
Sibéria. ... [Nesse meio tempo] fiquei em cela isolada com o mais pobre e escasso
mantimento imaginável. ...
"Fiquei nessa prisão até 29 de abril de 1917, quando mudou o governo, com a
queda do velho e despótico regime do czar. ... Sob essas novas circunstâncias,
encontrei um querido irmão da mesma fé, também preso sob a mesma acusação.
Passamos muitas horas felizes juntos em estudo da Bíblia e em oração. Quando
nossos casos foram resolvidos, ele ficou livre e foi enviado para casa, e eu solicitei
que continuasse no exército, mas sem realizar qualquer tarefa de combatência." —
W. A. Spicer, Providences of the Great War (Providências da Grande Guerra), págs.
129-131.
Durante a Primeira Guerra Mundial, muitos adventistas passaram por provas e
perseguições de outra natureza, não diretamente relacionadas com questões
militares. E o Senhor muitas vezes mostrou Sua poderosa mão para salvar os fiéis,
que punham sua confiança inteiramente nEle.
Um general russo, por exemplo, ameaçou banir todos os adventistas de uma cidade
da Letónia e matar os que ousassem nela permanecer. Aconteceu que no exato dia
em que ele havia marcado para levar a cabo sua decisão, foi destituído de seu
cargo e recebeu ordens para apresentar-se no quartel-general. Naquele dia, que
era um Sábado, os irmãos estavam jejuando e orando, e o Senhor frustrou os
planos daquele ímpio general.
Em outro lugar da Rússia, certo juiz, com a ajuda do padre local, jurou que "não
permitiria que nenhum adventista colocasse o pé no território" sob sua jurisdição.
Mas estourou a revolução, e aquele ímpio juiz, acostumado a injustiçar o povo com
suas atitudes arbitrárias, foi capturado pelo populacho e enforcado numa árvore.
Não sabemos quantos não-combatentes observadores do sábado havia na Grã-
Bretanha quando eclodiu a Primeira Guerra Mundial. Mas havia alguns. Certo
adventista sincero, ao ser convocado para receber sua arma, declarou que não
podia lutar.
— Não pode lutar? — estranhou o oficial. — O que você quer dizer com isso?
O soldado explicou seu ponto de vista em algumas breves palavras.
— Recusar-se a lutar contra o inimigo significa morte — disse o oficial do comando.
— Eu esperava que isso acontecesse — respondeu o reservista.
— Mas você será fuzilado — disse o oficial. — Não posso fazer mais nada a não ser
ordenar que atirem em você.
— Sim — disse o jovem. — Eu sei que esse é seu dever como militar. Eu já
esperava enfrentar isso. Mas, tendo Cristo como meu exemplo, não posso pegar em
armas.
O oficial hesitou por um momento enquanto a batalha prosseguia violentamente.
Então tomou providências para que esse irmão servisse como não-combatente, de
acordo com sua consciência religiosa. Estamos narrando somente o que aconteceu.
Nem tudo o que esse soldado fez está de acordo com a nossa posição como
Movimento.
Depois de um ano ou mais, o jovem obteve transferência de função. Tendo sido
designado para dirigir um caminhão de munições, uma vez mais seus escrúpulos de
consciência o colocaram em dificuldades quando declarou a seu comandante que
não podia fazer isso.
— Não pode levar a munição até a frente de batalha? Que quer dizer com isso?
O soldado tornou a explicar suas convicções.
— Você será levado perante a corte marcial imediatamente.
— Sim — replicou ele — mas não posso fazer esse tipo de trabalho.
Somente depois de haver demonstrado coragem inflexível na defesa de suas
convicções e na aceitação de suas consequências, deram-lhe uma ocupação
alternativa. (Condensado do livro Providences of the Great War).
Outro jovem contou sua experiência da seguinte maneira:
"Eu estava sozinho no cais no meio de mais ou menos 900 homens desesperados,
com guardas armados por todos os lados. Durante a manhã o comandante da
guarnição apareceu em sua ronda e mandou buscar-me.
— Você deve trabalhar com este grupo até às seis horas da tarde — disse-me ele —
sem essa ideia maluca de Sábado que você nos apresentou na semana passada.
— Desculpe-me, senhor — disse eu — mas, embora eu não queira ser um criador
de casos, devo seguir minhas convicções.
O oficial vociferou:
— Olhe aqui! Se esses homens o virem recusando-se a trabalhar ao pôr-do-sol e se
rebelarem, você será o responsável e estará sujeito a fuzilamento. ... Hoje você vai
aprender a não se rebelar. Volte ao trabalho.
Nesse conflito desesperado, quando o soldado já começava a recuar interiormente,
sentiu-se encorajado com o pensamento de que não estava sozinho nessas
provações. Sabia que onze outros irmãos adventistas estavam na mesma fornalha
da aflição. A constante oração foi sua principal fonte de força.
Quando a negra e solitária sexta-feira estava prestes a findar, ele disse a seu
superior imediato:
— Desculpe; não posso mais trabalhar hoje.
Instantaneamente vários guardas o agarraram e o arrastaram para detrás de
alguns sacos de aveia, longe da vista dos demais prisioneiros, e ali o espancaram.
Depois o acorrentaram e o lançaram numa pequena cela.
"Um oficial veio ter comigo", continua ele, "e disse-me num tom um tanto
conciliatório:
— Todos os seus companheiros recobraram o bom senso e estão neste momento
trabalhando tranquilamente. Lamento que você esteja tão desorientado a ponto de
trazer sobre si este castigo. Por que não muda de parecer, e desiste dessa ideia
impraticável de Sábado, como seus amigos o fizeram?
— Não posso ser infiel às minhas crenças, mesmo que os outros o sejam —
repliquei.
"À medida que os passos do guarda se distanciavam, comecei a pensar no silêncio
da solidão: Certamente todos os meus companheiros não poderiam ter falhado.
Contudo, eu devia escutá-los se eles estivessem nas celas adjacentes. Depois de
alguns minutos, assobiei suavemente dois compassos do hino 'O Senhor é minha
luz, meu gozo, minha canção'. Nenhuma resposta. O desânimo começou a
apoderar-se de mim. Assobiei o primeiro compasso do hino novamente, e um pouco
mais alto. Subitamente o segundo compasso veio da cela adjacente. O cântico dos
anjos não podia ter sido mais doce aos pastores do que foi para mim aquele hino
assobiado a dizer-me que meus companheiros tinham pela graça de Deus
suportado outra prova do Sábado e que estavam regozijando-se em Jesus." —
Condensado do livro Seventh-day Adventists in Time of War (Os Adventistas do
Sétimo Dia em Tempo de Guerra), de F. M. Wilcox.
Outros irmãos que também sofreram tratamento cruel em prisões contaram-nos
suas experiências.
Visto haverem-se recusado a trabalhar no Sábado, foram impelidos como animais
selvagens para as celas em meio a imprecações e estalar de chicotes. Ali foram
imediatamente algemados. As algemas eram tão pequenas que lhes cortaram as
carnes da parte superior das mãos. Depois o sargento debochou deles e esmurrou-
Ihes os corpos.
Esses jovens foram também submetidos ao que se chamava de "castigo de campo
número um" ou "treinamento com pesos". Esse suplício consistia em ter dois pesos
enormes sobre as costas e o tórax, com os quais se devia correr de um lugar para
outro durante uma hora.
Um desses soldados, taxado como chefe do motim, foi tratado com tanta crueldade
e violência que acabou desmaiando e espumando pela boca. Ele não morreu, como
temiam que acontecesse, mas ficou em estado grave durante algum tempo.
Sexta-feira de manhã, alinharam-se todos perante o sargento principal, que lhes
perguntou o que haviam decidido com relação ao Sábado que se aproximava.
Quando disseram que era seu dever antes obedecer a Deus que a homens,
guardando o dia santo do Senhor, foram mandados calmamente de volta para as
celas. O castigo que receberam foi o isolamento solitário a pão e água, junto com
um treinamento diário com peso durante sete dias.
No Sábado seguinte, visto se haverem esses soldados adventistas recusado a
quebrar a Lei de Deus, receberam o mesmo tipo de castigo, o que se estendeu por
duas semanas. Parecia-lhes que morrer na prisão era somente uma questão de
tempo. Oravam ao Senhor continuamente a fim de que Ele lhes concedesse força
para suportarem a prova.
Numa sexta-feira, no fim de um período de quatorze dias, um oficial da prisão foi
comissionado a falar-lhes em separado. Ele disse a cada um que todos os outros
haviam desistido, e sugeriu que cada um fizesse o mesmo. Essa foi a mais severa
prova que lhes sobreveio numa ocasião em que se achavam fisicamente fracos pela
fome e pela exaustão. Mas Deus inspirou cada um deles com suficiente valor para
replicar:
—Ainda que fique só eu, continuarei a obedecer a Deus em vez de ao homem.
Também guardarei Seu santo Sábado.
Então um ou dois do grupo começou a assobiar um hino, e logo estavam todos
assobiando, transmitindo entre si a certeza de que todos eram leais a Deus. Em
resposta à oração, sua força era renovada dia a dia. —Condensado e adaptado do
livro Seventh-day Adventists in Times of War.
Nesse país, os não-combatentes objetores de consciência receberam em geral, mas
nem sempre, direitos de isenção por parte das autoridades militares. Quando os
Estados Unidos entraram na Primeira Guerra Mundial, vários soldados adventistas
foram submetidos a severas provas por causa de sua atitude como não-
combatentes e observadores do sábado. Citamos:
"Houve várias ocasiões em que a própria existência de nossa obra foi ameaçada por
aqueles que tinham autoridade militar, devido a interpretações erróneas e falsos
rumores enviados à sede do governo. O departamento federal da justiça recebeu,
nos seis primeiros meses da guerra, mais de dez mil queixas contra nós, contra
nossa literatura e contra nossa obra.
"Muitos de nossos rapazes tiveram que sofrer terríveis maus tratos nas mãos de
oficiais militares e soldados rasos por sua lealdade aos princípios religiosos. ... O
Sábado foi a maior prova de todos os nossos jovens no exército. Mais de uma
centena deles foram levados perante cortes marciais por recusar-se a prestar
serviço militar no dia de Sábado. Mais de trinta foram condenados a cumprir pena
de dez a quinze anos como prisioneiros militares em regime de trabalho forçado no
Forte Leavenworth.
"Quando chegaram à Leavenworth, suas dificuldades tinham apenas começado. Os
carcereiros se empenharam em obrigar nossos jovens a trabalhar no Sábado na
tarefa ordinária de quebrar pedras. Naturalmente, eles não podiam fazer essa
espécie de trabalho na prisão mais do que fora dela nos campos militares.
"Os carcereiros tentaram coagi-los pela imposição de terríveis castigos. Por
recusarem-se a trabalhar no Sábado, esses jovens foram privados de sua ração
diária, que foi substituída por água e algumas magras fatias de pão; aumentou-se a
quantidade de pedra que deviam quebrar durante o dia, e à noite eram confinados
em prisões subterrâneas, onde dormiam em camas que não passavam de tábuas de
madeira rústica e grosseira, expostos à umidade e ao frio. Receberam esse castigo
por duas semanas. Caso se recusassem segunda vez a trabalhar no Sábado,
receberiam rações ainda menores e teriam as mãos algemadas pelas costas nas
grades de sua cela num nível quase à altura dos ombros, sendo obrigados a
permanecer nessa posição desconfortável nove horas por dia. Outros foram
confinados durante meses em celas escuras e imundas, onde não podiam ficar de
pé ou se deitar sem ser comprimidos pelo espaço exíguo do cubículo." — F. C.
Gilbert, Divine Predictions (Predições Divinas), págs. 397-399.
Fizeram-se apelos ao senador W. G. Harding, que, posteriormente, se tornou o
vigésimo nono presidente dos Estados Unidos e, por seu intermédio, aqueles
prisioneiros militares adventistas foram liberados daqueles suplícios desumanos e
isentados do trabalho no Sábado enquanto na prisão. Finalmente foram postos em
liberdade condicional.
É gratificante saber que alguns fiéis cristãos, seguindo suas convicções pessoais,
resolveram antes obedecer a Deus que a homens, e que estavam preparados para
sofrer mesmo o martírio por amor a Cristo, se necessário. Não pomos objeção a
esses crentes conscienciosos, embora não possamos concordar com eles em todos
os pontos. Por outro lado, de acordo com as evidências inclusas neste texto, o leitor
perceberá que a posição oficial adotada pela Igreja Adventista como coletividade
difere completamente da posição independente adotada por aqueles adventistas
sinceros como indivíduos. "1914-1918, A Grande Crise", capítulo 5 do livro O
Adventismo e a Reforma Profetizada , de Alfons Balbach.
FINALMENTE!
Igreja Adventista Pede Perdão Por Apoiar
o Nazismo
25 de agosto de 2005.
Igrejas Adventistas da
Alemanha e Áustria Pedem
Desculpas às Vítimas do
Nazismo
Frauke Brauns
Bielefeld, Alemanha (ENI). Líderes de Igrejas Adventistas do Sétimo dia na
Alemanha e Áustria, 60 anos depois do final da Segunda Guerra Mundial declararam
que eles "lamentam" em profundo pesar pela participação ou apoio a atividades
Nazistas.
"A declaração originalmente publicada antes de 8 de maio foi traduzida agora para
o inglês e foi enviada às igrejas adventistas nos Estados Unidos", segundo Holger
Teubert, porta-voz da igreja no sul da Alemanha, através de Notícias Ecuménicas
Internacionais.
As igrejas adventistas no EUA enviaram cópias da declaração a Yad Vashem, a
Autoridade de Recordação dos Heróis e Mártires do Holocausto em Israel.
Teubert afirmou que a declaração se desculpa a judeus alemães e a membros das
igrejas adventistas de origem judaica que foram excluídos das congregações
durante os 12 anos do regime Nazista, de 1933 a 1945. Comenta que seis milhões
de judeus foram exterminados durante aquele período e milhões de outros também
foram perseguidos.
A declaração indica que a igreja adventista de hoje "confessa isso honestamente
que, por nossa falha, ficamos culpados perante o povo judeu, para com todas as
pessoas perseguidas e todos que sofreram durante a guerra e também perante os
Adventistas em outros países. Para isto nós humildemente perguntamos a Deus e
aos sobreviventes se podem nos perdoar."
Teubert afirmou: "Nós compreendemos não ter nenhum direito de condenar nossos
antepassados". Mas a declaração marca o fim de um processo longo dos
Adventistas alemães que examina o que aconteceu durante a era do regime
Nazista.
"Nós não seguimos suficientemente nossas fileiras que corajosamente ofereceram
resistência e não se curvaram ao ditatorialismo Nazista, nem cooperaram com ele",
afirma a declaração. Tinha havido umas tentativas anteriores em fazer tais
afirmações, principalmente por membros individuais da igreja e confissões
anteriores feitas em 1988 no 50° aniversário de 9 novembro, "Kristallnacht" ou a
"noite de vidro quebrado", de um massacre imoral organizado contra os judeus
naquela noite em 1938 por toda a Alemanha e Áustria.
http://www.eni.ch/articles/display.shtml705-0645
Europa: Igrejas da Alemanha e
Áustria Pedem
Desculpas Por
Ações Durante
Holocausto
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August 16, 2005 Hannover, Germany
[Mark A. Kellner/ANN Staff]
Os adventistas do sétimo dia na
Alemanha e Áustria
recentemente pediram desculpas
por qualquer participação nas
atividades nazistas, ou em apoio
a elas, durante a guerra. A foto é
de um cartão de identidade de
Em função do 60o. aniversário do fim da II |
Guerra Mundial, os líderes da Igrejí
Adventista do Sétimo Dia na Alemanha
Áustria emitiram uma declaração I
expressando que "lamentam
profundamente" qualquer participação em
atividades nazistas, ou em seu apoio,
durante a guerra. As entidades da Igreja
"honestamente confessam" a falha "em
seguir a Nosso Senhor" por não protegerem)
os judeus, e outros, do genocídio daquele
época, amplamente conhecida como
Holocausto. Milhões de pessoas perecerar
de atrocidades da guerra, inclusive mais de |
seis milhões de judeus que foram
exterminados em perseguições nazistas durante o período de 12 anos, entre 1933 e
1945.
I que foi eliminado do rol de
Max-Israel Munk, quando os
nazistas deram ordem para se
fazer tais exclusões. Após
sobreviver a prisão em dois
campos de concentração, Munk
retornou para casa após a guerra
1 membro, o que lhe foi concedido.
I [Foto: AdventEcho magazine,
A declaração foi inicialmente publicada na edição de maio de 2005 de
"AdventEcho", uma revista denominacional em língua alemã, e também aparecerá
em outras publicações alemãs, declarou o Pastor Giinther Machel, presidente da
Igreja Adventista alemã e um dos três signatários da declaração.
Uma cópia da declaração foi fornecida a Yad Vashem, autoridade do Memorial de
Recordação dos Mártires e Heróis do Holocausto em Israel, acrescentou o Dr. Rolf
Póhler, ex-presidente da área eclesiástica do Norte Alemã, que atua presentemente
como consultor teológico, e estava envolvido com a redação da declaração.
"Profundamente lamentamos que o caráter da ditadura Nacional Socialista não
havia sido percebida em tempo e de modo suficientemente claro, e a natureza
contrária a Deus da ideologia [nazista] não havia sido devidamente identificada",
afirma a declaração. A Igreja declara que também lamenta "que em algumas de
nossas publicações ... se encontraram artigos glorificando Adolf Hitler e
concordando com a ideologia do anti-semitismo numa forma que é incrível para a
perspectiva atual".
Os dirigentes da Igreja também expressaram pesar de que "nossos povos se
tornaram associados com o fanatismo racial destruidor de vidas e liberdade de 6
milhões de judeus e representantes de minorias por toda a Europa", e que "muitos
adventistas do sétimo dia não compartilharam das necessidades e sofrimentos de
seus concidadãos judaicos".
Motivo de extremo pesar, indica a declaração, foi que as congregações alemãs e
austríacas adventistas "excluíram, alienaram e deixaram [membros da Igreja que
eram] ... de origem judaica entregues a sua própria sorte de modo que
terminaram enfrentando prisão, exílio ou morte".
Sob vários decretos raciais, algumas congregações adventistas expulsaram
membros de origem judaica. Um deles, Max-Israel Munk, foi colocado em dois
campos de concentração pelos nazistas mas sobreviveu e retornou a sua igreja
após a guerra. Ele disse que não desejava tratar a sua congregação do modo em
que foi tratado, segundo o Dr. Daniel Heinz, um arquivista da Igreja da
Universidade Friedensau que estudou as atividades adventistas durante a era do
Nacional Socialismo.
Juntamente com o Pastor Machel, os outros líderes que assinaram a declaração
foram os pastores Klaus-Jurgen van Treeck, presidente da Igreja para o Norte da
Alemanha, e Herbert Brugger, presidente da Igreja Adventista na Áustria. Póhler e
Johannes Hartlapp, historiador da Igreja em Friedensau, redigiu o rascunho em que
se baseou a declaração. Todas as três áreas geográficas denominacionais votaram
aprovar o texto, esclareceu Póhler.
Na declaração, os três asseguram que "a obediência que devemos às autoridades
estatais não conduzem a renegar convicções e valores bíblicos". Eles disseram que
embora somente Deus possa julgar as ações de gerações anteriores, "em nosso
tempo, contudo, desejamos assumir uma decidida posição pelo direito e justiça--
para com todas as pessoas".
Brugger, numa entrevista telefónica, disse que "os membros de nossa Igreja
realmente apreciaram a publicação desse documento".
Ele indicou que foi algo que os membros mais jovens da Igreja "apreciaram muito".
Nenhuma indicação de reação da comunidade judaica da Áustria havido sido
recebida, mas Brugger disse que a Igreja Adventista não é tão bem conhecida na
Áustria como o são outros movimentos.
Indagado como uma Igreja que considera a observância do sábado como uma de
suas crenças centrais poderia se esquecer dos judeus observadores do sábado
durante um tempo de perseguição, Brugger sugeriu que aquela era uma questão
política, não teológica, considerações que podem ter levado à estratégia.
Durante a I Guerra Mundial, uma porção de adventistas alemães afastaram-se da
denominação, opondo-se a qualquer serviço militar. Isso levou os nacionais
socialistas em 1936 a proibir o chamado "Movimento da Reforma" durante o tempo
em que estiveram no poder. Brugger declarou que a preocupação com o
fechamento das igrejas adventistas oficiais todas pelos nazistas pode ter pesado
sobre os líderes daquela era.
"Creio que durantes aqueles tempos a liderança oficial de nossa Igreja teve medo
de perder o controle sobre a Igreja e perder a Igreja porque as autoridades
políticas já haviam . . .
[confundido] nossa Igreja com o movimento de Reforma", ele explicou. "Creio que
nossos líderes tiveram medo de perder o reconhecimento oficial de nossa Igreja,
assim pode ser que não foram tão fiéis a nossas crenças como teria sido
necessário".
E acrescentou: "Foi algo mais político do que teológico, tenho certeza".
A principal Igreja Adventista do Sétimo Dia na Alemanha foi também brevemente
proibida sob o nazismo, observa Póhler. Uma rápida reviravolta pelo regime levou a
um alívio entre os adventistas, mas também a um nível de cooperação com o
governo que não foi salutar.
"Não só mantivemos o silêncio, mas também publicamos coisas que nunca
deveríamos ter publicado. Publicamos ideias anti-semíticas que, de nossa própria
perspectiva, não eram realmente necessárias", declarou Póhler numa entrevista
telefónica. "Avançamos muitos passos a mais e publicamos coisas que realmente
eram anti-semíticas. . . . Desviamo-nos de nosso caminho para mostrar lealdade ao
governo [nacional socialista] da Alemanha.
"Tivemos que reconhecer que uma declaração errada, uma ação por uma pessoa
poderia significar que findaria num campo de concentração" comentou Póhler a
respeito daquela era. Essa teria sido "a razão por que excluímos adventistas de
origem judaica dentre nossos membros: se uma igreja local não tivesse feito isso,
[os nazistas] teriam fechado a igreja, levado o ancião para a prisão e teria
significado que a Igreja inteira seria proibida.
Embora alguns adventistas europeus hajam tomado medidas corajosas para
proteger judeus, outros agiram desse modo por preocupação com suas famílias e
congregações. Seria muito difícil alcançar uma pessoa de origem judaica, explicou
Póhler, mas arriscar as vidas dos membros de uma congregação era uma carga
adicional. Tal precaução até se refletiu na nomenclatura usada pelos alemães
adventistas", ele disse.
"Mudamos o nome de Escola Sabatina para 'Escola Bíblica'-- evitando o nome
original "por causa de representar um risco", prosseguiu Póhler. "Estávamos no
perigo de sermos confundidos com os judeus. Ao recusarmos chamá-la de escola
sabatina, estabelece-se uma pequena distância entre você e os judeus", aduziu.
O Dr. Daniel Heinz, diretor dos arquivos da denominação na Universidade
Adventista de Friedensau, Alemanha, disse que sua pesquisa revelou casos de
adventistas que ajudaram judeus durante a guerra, mas também conduziu à
descoberta daqueles que agiram de forma menos honrável.
"Os líderes denominacionais se adaptaram e até adotaram algo da ideologia anti-
semítica dos nazistas; em alguns casos, fizeram mais do que o necessário para
agradar as autoridades [nazistas]. Isto é algo que realmente nos parece estranho",
declarou Heinz.
Ao mesmo tempo, ele disse, "sei que muitos membros adventistas, pessoas
comuns, ajudaram os judeus, mas nunca falaram a respeito".
Resistência às políticas nazistas, bem como a compassiva e brava resposta de
muitos cristãos, entre eles adventistas do sétimo dia, para proteger vidas daqueles
que estavam sob perseguição dos nazistas, têm sido documentada por toda a
Europa, inclusive Polónia, Hungria, Holanda e Dinamarca, entre outros países.
"Encontro alguns relatos muito impressionantes de adventistas que ajudaram
judeus no Terceiro Reich, arriscando suas vidas, e também encontro o oposto",
declarou Heinz. Entre outros membros da Igreja, uma família adventista da Letónia
acolheu um homem judeu, escondeu-o durante a guerra, e este sobreviveu. O
refugiado tornou-se um crente adventista e um pastor da Igreja após o fim da
guerra.
Segundo o Pastor Machel, "sessenta anos após a II Guerra Mundial é tarde--mas
vemos isto como a última chance para uma declaração".
Tinha havido tentativas anteriores de fazer tais declarações, conquanto isso fosse
em grande medida ignorado ou abafado por líderes eclesiásticos que haviam vivido
na era nazista e desejavam evitar que a Igreja agisse como "juiz" daqueles que
viveram antes. Contudo, em 1988, no 50o. aniversário da "Kristallnacht", ou noite
dos vidros quebrados, em 9 de novembro, quando gangues inspiradas pelos
nazistas espatifaram as vitrines de comerciantes judeus e violaram sinagogas, a
então Igreja Adventista da Alemanha Oriental emitiu uma declaração em sua
pequena revista. Em 1989, durante as celebrações do centenário da Igreja
Adventista em Hamburgo, o Pastor Erwin Kilian, presidente da Igreja Adventista do
norte da Alemanha, referiu-se àquele "negro período" em seu discurso e ofereceu
um pedido de perdão de sua iniciativa. Uma breve declaração adicional foi feita em
1995, quando do 50o. aniversário do fim da guerra.
Os jovens adventistas reagiram positivamente às expressões de preocupação e
contrição da declaração. Dois adventistas berlinenses disseram terem apreciado a
declaração.
"Revelar humildemente nossos pecados e falhas é a coisa mais importante que
Deus deseja que façamos", declarou Sara Gehler, de 25 anos. "E embora 60 anos
se tenham passado, penso ter sido necessário que nós, adventistas do sétimo dia,
tomemos uma posição quanto à Segunda Guerra Mundial", aduziu ela. "É nosso
dever como cristãos proteger e ajudar aqueles que são fracos, desajudados e em
necessidade".
Julian Muller, de 26 anos, acrescentou: "Penso ser nossa responsabilidade como
Igreja confessar nossos erros e não ocultá-los, especialmente quando vidas
humanas estão em jogo. . . . Minha esperança é que pelos erros e falhas de nossa
igreja, que se passaram desde então, não se esperemos outros 60 anos para
adquirirmos coragem de pedir perdão".
A reação de membros da Igreja na região sul da Alemanha, que inclui cidades como
Munique e Nurembergue, onde os nacionais socialistas adquiriram grande força, foi
"muito positiva", disse o Pastor Machel. "Alguns haviam realmente esperado por tal
medida da parte da liderança denominacional".
A declaração foi também muito bem acolhida em muitas igrejas adventistas
internacionalmente. "Estava esperando por um texto como esse por muito tempo",
declarou o Pastor Richard Elofer, que lidera a obra adventista em Israel. "Eu louvo
ao Senhor por tocar os corações de nosso povo na Alemanha e Áustria para
produzirem tal declaração".
E o Dr. John Graz, diretor de Relações Públicas e Liberdade Religiosa para a sede
mundial denominacional: "Para aqueles que crêem no amor de Deus para todo
membro da família humana, contra qualquer tipo de discriminação tendo por base
raça, religião ou género, essa declaração, escrita por uma geração que não teve
qualquer responsabilidade no Holocausto e na guerra, mas endossa a
responsabilidade de seus pais, permanecerá como um marco positivo e grande
incentivo".
Fontes: http://news.adventist.org/data/2005/07/1124218053/index.html.pt ou
http://news.adventist.org/data/2005/07/1124218053/index.html.en